DEIXAREI SAUDADE − 73

Postado por e arquivado em 2019, DÉCADA DE 2010, FOTOS.

Quando me construíram isso aqui era um imenso descampado, em volta era mato puro, pouquíssimas construções além da Casa das Meninas e quase nenhuma rua, tinha era uma estrada de fazenda. Depois passaram a chamar esse lugar de Praça Madrid. Nem as almas que me ergueram sabiam porque esse local era chamado de Praça Madrid. Aí um dia resolveram mudar o nome para Praça Cherobina Garcia¹. Depois desistiram da Cherobina Garcia e voltaram com o Madrid². É muita doidice. Aí, o tempo passou e o tal do progresso foi tomando conta da região, transformada em loteamentos que deram origem a bairros como este onde estou, o Antônio Caixeta, e outros como Boa Vista, Cidade Jardim, Jardim Recanto e Sebastião Amorim.

E isso é o que me atormenta: o progresso. Tudo em volta de mim está mudando. Todas aquelas casinhas simples e humildes como eu estão sendo derrubadas e substituídas por casas melhores ou o mais tradicional, que são os edifícios. Olhe aí atrás de mim o mundaréu de edifícios. Todas as encostas do vale do Córrego do Monjolo estão sendo ocupadas por construções. Estou estupefata, surpreendida mesmo por ainda estar de pé. Um milagre está acontecendo por eu ainda existir, só pode ser isso. Não, sem essa de milagre, não acredito nisso. A verdade é que meu fim está próximo, eu, tão acanhada, já não faço parte do novo visual que estão instando por aqui. Eu, como todas semelhantes a mim, vamos inexoravelmente ser expulsas, transformadas em escombros para que o novo se instale. É assim mesmo, vou-me com muito orgulho, levando junto o pé de manga, sabendo que faço parte da História de Patos de Minas. E deixarei saudade!

* 1: Lei Ordinária n.º 3.252 de 27 de agosto de 1993.

* 2: Lei Ordinária n.º 4.365 de 11 de abril de 1997.

* Texto e foto (27/01/2019): Eitel Teixeira Dannemann.

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