Eu sou um símbolo do passado urbanístico patense¹. Inúmeras iguais a mim foram construídas não só aqui na Sede, mas em todo o Município. O formato do telhado, essa janela e esse alpendre estão ainda presentes por aí para que os mais novos nos observem com atenção, pois, infelizmente, em nome do progresso, já entramos na lista dos imóveis em extinção. Não sei quem foi o autor de minha silhueta, só sei que o meu desenho fez a alegria de inúmeras famílias, não da elite, mas de gente simples que muito contribuiu para o desenvolvimento de Patos de Minas. Dizem que se o homem não tivesse preguiça de caminhar não teria inventado a roda. Isso é progresso? Ah, não existe progresso sem mudança. Seria uma utopia eu desejar a todas nós a permanência nesse mundo mesmo com o advento do progresso? Qual a diferença entre progresso e especulação imobiliária? Para mim, são farinha do mesmo saco. Derrubando-nos, jogando ao chão um passado de glória, para ceder lugar ao progresso, logo vem a especulação imobiliária valorizar a nossa morte. Então, constroem sobre nossos escombros casas mais chiques ou, geralmente, um edifício, de muito mais valor material. E o espiritual, o que a gente representa para o Passado de Patos de Minas? Nada? É, nada, nadinha de nada, isso é o que representamos para o progresso e a especulação imobiliária. Às favas com tudo, quero nem saber, já sou e nunca deixarei de fazer parte da nossa História. E quando eu me transformar em nada, deixarei saudade!
* 1: O imóvel está localizado à Rua Prefeito Camundinho, entre suas colegas Ouro Preto e Vereador Manoel Machado, no Bairro Lagoa Grande.
* Texto e foto (17/09/2019): Eitel Teixeira Dannemann.