Já vou avisando: não sou saudosista. Esse negócio de passado é pura bobagem, isso porque de nada adianta o meu passado para ninguém, nem para aqueles que me construíram. Ou você acredita que aqueles que me construíram estão preocupados com o meu futuro, que daqui a pouco vai se transformar no meu presente, e que logo depois vai ser o meu passado? Balelas, balelas, mil vezes balelas esse tal de passado. Que me adianta ter sido útil às almas que me habitaram? Tudo bem, tudo bem, sempre me mantiveram conservada e bem cuidada, sou grata. Mas pra que? Há muitos anos fui lar e aconcheguei gente que hoje já anda imaginando besteiras. Besteiras sim! Olhe aí atrás de mim. O que você enxerga? Ora, é sim um edifício. Quando sobrar um tempinho, repare bem no meu entorno. Edifícios, edifícios e mais edifícios ocupando nossos lugares. Então, se todas nós vamos ser ocupadas por edifícios, pra que se preocupar com passado? Pra que se preocupar com presente? Enfim, pra que se preocupar com futuro, se esse meu futuro será nada mais e nada menos do que eu me transformar num monte de escombros para ser ocupada por um edifício? Então, dane-se tudo. Só uma coisa me interessa, e isso ninguém, jamais e em tempo algum, vai tirar de mim: sou parte da História de Patos de Minas. E quando eu me transformar num monte de escombros, mais correto do que dois mais dois é igual a quatro, deixarei saudade!
NOTA: O imóvel localiza-se no início da Rua Agenor Maciel, logo após a Praça Abner Afonso.
* Texto e foto (19/01/2020): Eitel Teixeira Dannemann.