DÁCIO PEREIRA DA FONSECA FALA DE SEU GOVERNO − 4

Postado por e arquivado em PODER EXECUTIVO, PREFEITOS.

Há muitas críticas quanto ao nosso Distrito Industrial. Sabemos que este Distrito existe em vista de um projeto municipal com pouca ou quase nenhuma assistência dos órgãos do Estado. Como a sua administração encara o problema?

Na realidade, muitas críticas que se fazem ao nosso Distrito Industrial, têm procedência: a localização, a área e vários outros fatores. Quando assumi a Prefeitura, aquele Distrito já era uma realidade que julguei irreversível, já que ali, havia empresas instaladas, embora sem a mínima infra-estrutura. Primeiramente, tive que cuidar da eletrificação porque indústrias instaladas ali, corriam sério risco de um fracasso financeiro e naquela eletrificação, no início de nosso mandato, chegamos a investir quase 2 milhões de cruzeiros, importância essa que passará depois à CEMIG. Estamos cuidando agora, do problema da água. Outro aspecto importante, foi a da comunicação que teve participação efetiva da Prefeitura que assumiu a responsabilidade de subscrever os telefones que fossem necessários para completar o número exigido pela Companhia Telefônica. Depois de resolvido o problema da água, teremos que atacar o do esgoto. O ideal seria que nosso Distrito tivesse sido organizado pela CDI (Companhia de Distritos Industriais) desde a sua localização pois ela teria executado toda a infra-estrutura para cobrar posteriormente, dos empresários.

Fala-se que o esgoto do Distrito Industrial será lançado no Rio Paranaíba, acima da estação de captação de água da COPASA. É procedente essa crítica?

Quando se criou aquele Distrito, a idéia era a de se instalar somente indústrias secas, quer dizer, indústrias pouco poluentes, embora digam não poluentes, pois eu desconheço indústria que não seja poluente. Então, a idéia de se instalar ali apenas indústrias secas minimizaria o problema da poluição do Paranaíba, mas não se pode a priori, fazer um cálculo do grau de poluição de uma indústria. O ideal, seria que criemos outros distritos, localizados em áreas mais adequadas mas para isso, teremos primeiro, que esgotar a área do existente.

Não haveria possibilidade ainda de a CDI participar das realizações futuras do atual Distrito?

Não. Técnicos da CDI já estiveram aqui a convite nosso e não viram condições para isso. Inclusive até, eles sugeriram a possibilidade de aproveitamento da área em frente, do outro lado da rodovia, para que os escoamentos se fizessem através daqueles ribeirões. Naquele Distrito atual, a CDI não tem mais interesse, porque ele foge dos seus objetivos.

Quer dizer que num plano mais amplo de industrialização, inclusive dentro deste seu ponto de vista da instalação de agro-indústrias, teríamos a participação da CDI, inclusive para a localização de um outro Distrito Industrial?

Aliás, a minha posição é esta e eu acredito que nenhum outro Prefeito poderia ter procedimento diferente. Quando se pensar em outro Distrito, a primeira providência será ir à CDI e também ao INDI (Instituto de Distritos Industriais), que auxilia muito aos municípios principalmente pela amplitude de sugestões que eles têm. Inclusive eu trouxe de lá, várias sugestões do que pode ser feito no setor da agro-indústria. O INDI atua como um intermediário porque ele faz a indicação e as sugestões ao empresário que o procura. É uma assessoria importante, tanto para as Prefeituras, como para os empresários.

Sabemos que sua campanha foi feita com o máximo de prudência e que o senhor se preocupou em não fazer promessas que não pudesse realizar, mas sabemos também, num comício realizado no Bairro do Rosário com a participação muito brilhante de elementos de nossa Escola de Samba, foi anunciada talvez a sua única promessa, que seria o apoio da Prefeitura para a construção de um clube social para os operários. Haverá ainda possibilidade desse apoio?

Gostaria de dizer primeiro, que acho que não foi uma promessa que fiz, porque eu me policiei muito para não fazer promessas, mas disse da minha esperança e da vontade não só de proporcionar um local de recreação para as nossas classes menos favorecidas, mas também, meu desejo de construir uma casa de cultura. Posso dizer que são meus dois grandes sonhos. Agora, com referência ao clube, depois de assumir a Prefeitura é que a gente percebeu várias dificuldades. Primeiro, as de ordem financeira, pois a Prefeitura não tem condições de construí-lo sozinha. Seria necessário que essa turma se organizasse para oferecer apoio, porque inclusive, esse clube não teria condições de sobrevivência se a iniciativa partisse da Prefeitura para o povo. Seria preciso que o movimento partisse do povo e a Prefeitura encampasse a idéia. Já pensei e ainda penso que nossa Escola de Samba, poderia ser esse clube, porque ela já tem o terreno e inclusive, uma construção iniciada, que infelizmente, por vários motivos, não teve prosseguimento. Ainda é nosso desejo dar esse apoio, para que a idéia tome corpo e se torne realidade. Da mesma forma que temos apoiado e incentivado nossos clubes de futebol amador gostaria de apoiar um clube social de nossos operários. Se não conseguirmos um clube para o povo em geral, para a “massa”, como se diz, para que ela possa se divertir dentro de suas possibilidades, pelo menos em âmbito menor, dentro da Prefeitura, já estamos cuidando disto, pois temos uma Associação dos Funcionários Municipais e inclusive, no próximo ano pretendemos partir para a construção de sua sede. Evidentemente que esse será um clube dos funcionários municipais, mas o que seria ideal, para atingir um maior número, seria fazer através da Escola de Samba, que mexe mesmo com o brasileiro. Quanto à Casa da Cultura, ninguém melhor do que você, João Marcos, para saber da necessidade dela. Já pensamos inclusive em aproveitar o atual prédio da Rodoviária, quando a nova for construída, para transformá-lo nesta Casa. Seria motivo de grande felicidade para mim, se eu pudesse concretizar os dois planos: Clube dos Operários e Casa da Cultura e para isso eu precisaria do total apoio da comunidade.

A Prefeitura teve alguma participação nesse programa de extensão de séries que foi instalado no Município?

Gostaria antes de mais nada, de dizer que a extensão de séries em Patos de Minas, na zona urbana e na zona rural, foi um trabalho de conjunto. Um trabalho de equipe, e eu me dispenso de dizer aqui, todos aqueles que participaram disso. Há quem queira negar méritos ao prefeito; em querer capitalizá-los só para si. Desde que assumimos a Prefeitura, estamos lutando por essa extensão de séries e por motivos que não interessam no momento somente agora é que isso foi possível. Agora, se a Prefeitura não assumisse uma série de compromissos isso não teria sido possível. É lógico que esses compromissos tiveram que ser aprovados pela Câmara, que tem dado todo apoio às boas iniciativas, tanto os vereadores da ex-ARENA como os do ex-MDB. Se não fossem os compromissos assumidos pela Prefeitura como aquisição de equipamentos e construção de salas, não haveria a extensão de séries em nosso município. Como já disse, a situação financeira da Prefeitura está mais ou menos equilibrada, mas não é uma situação de folga. Então, para que tivéssemos a extensão de séries, deixando de lado a modéstia, teve que haver um pouco de ousadia do Executivo e não apenas nas Escolas Estaduais, mas principalmente, na Escola Municipal do Pilar, onde a Prefeitura enfrentou tudo sozinha, “no peito e na raça” e querer negar-se esse mérito ao Prefeito é querer-se “tampar o sol com peneira”. Construímos lá outro prédio e equipamos toda a escola. Com isso respondemos àqueles que dizem que não nos preocupamos com a fixação do homem ao campo. A extensão de séries no Pilar, no Distrito do Chumbo, no Distrito de Santana, são elementos fixadores do homem do campo em sua região. No caso específico do Pilar, depois de instalada a 5.ª série cerca de 50 famílias voltaram para lá. O fato de se querer negar os méritos do Prefeito, é problema muito pessoal, particular, é aquilo que eu já disse no início da entrevista. Quero deixar bem claro, que o mérito cabe a toda a comunidade, mas foi grande a nossa ousadia e principalmente a nossa imprudência de insistir com vários requerimentos. Inúmeras solicitações e processos foram feitos nos anos anteriores e sempre houve algum obstáculo, alguma coisa para que o processo fosse indeferido. O apoio decidido da Profa. Euza Pereira Borges que mobilizou a Delegacia de Ensino foi fundamental.

* Fonte: Quarta parte da entrevista de Dilson Abel Pacheco, Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco publicada na edição n.º 14 de 30 de novembro de 1980 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Parte da foto publicada em 18/05/2018 com o título “Dácio Pereira da Fonseca & Paulo Autran”.

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