Essa rua à direita é a 24 de Maio, e vai dar lá em cima na sua colega João da Rocha Filgueira. A de frente é a Maestro Randolfo, e poucos metros adiante está a Avenida Paracatu. Sacou onde me localizo? Manja só minhas duas janelas laterais, daqueles tempos antigos, bem de frente pro passeio. Naqueles tempos antigos, as ditas janelas não tinham grades e meus ocupantes dormiam tranquilamente. Hoje, ora sô, sem grades ninguém dorme. E é grade nas outras janelas e na porta da sala. Mundo cruel o de hoje. E já vou avisando que a xará aí do lado não tem nada a ver comigo. Somos assim mesmo, duas pequeninas e simplórias casas, erguidas sei lá há quanto tempo, mas era o tempo sem calçamento na rua em que, quando chovia um cadiquinho só, a lameira tomava conta de tudo e eu nem me lembro de quantas vezes meu interior ficou borrado de lama. Só melhorou depois da canalização do córrego. Mas se chover muito, por aqui alaga, mas, graças, sem aquela lameira de antes. Pois bem, eis eu aqui sendo registrada para a posteridade ao lado de minha semelhante. Nessa, já entrei pra História de Patos de Minas, pois um dia, não muito longe no tempo, eu, a minha colega aí do lado e inúmeras outras, cederemos lugar para coisas semelhantes àqueles dois edifícios lá adiante. Graças que ainda tem gente que se preocupa em nos eternizar nas lembranças. Por isso, como todas, deixarei saudade!

* Texto e foto (30/07/2023): Eitel Teixeira Dannemann.