Tenho colocado cada pedacinho das minhas estruturas para relembrar o quando fui construído¹. Todos os pedacinhos das minhas atuais carcomidas estruturas só se lembram que foi há muitos anos e que fui um imóvel muito importante numa ainda pequenina Cidade². Minhas janelas, minhas portas, meu telhado, minha escada para o segundo pavimento e até o quintal têm apenas uma vaga lembrança de que aqui dentro de mim o movimento estava relacionado com saúde e, enfatizando, que sou um imóvel deveras antigo. Portanto, minha memória estrutural anda muito fraca depois de tantas décadas. O que sinto no momento é um triste desprezo para comigo, pelo que represento para a História de Patos de Minas. Mas quem sou eu, mil vezes eu declaro, quem sou eu para enfrentar o progresso? Progresso? Sim, progresso, esse responsável por derrubar todos os imóveis antigos e nos seus outrora lugares erguerem edifícios. Progresso, sinônimo de fim para todos os imóveis antigos. Como imóvel histórico, tenho direito à sobrevivência? Se eu disser que sim, terei que concordar que todos os imóveis históricos também têm direito à sobrevivência. No frigir dos ovos, estamos num beco sem saída. E se nós estamos num beco sem saída, só nos resta uma única conclusão: o fim! Igualzinho aos meus parceiros de sofrimento, quando eu for extinto, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Olegário Maciel entre sua colega Tiradentes e a Avenida Getúlio Vargas.
* 2: Leia “Posto de Prophylaxia Rural”, “Antigo Posto de Prophylaxia Rural”.
* Texto e foto (19/03/2023): Eitel Teixeira Dannemann.