DEIXAREI SAUDADE − 252

Postado por e arquivado em 2023, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Na época, quando fiquei pronta, minhas estruturas ficaram com pesar por ter ocupado o lugar de uma casinha simplória que havia aqui¹. Surgi como comércio embaixo e residência em cima. Assim foi durante muitos anos, até igreja funcionou aqui, até que, sei lá porque, fui sendo deixada de lado até me ver abandonada. E pior, devagarinho, sorrateiramente, transformaram o meu passeio em depósito de material reciclável pelos catadores anônimos. A cada vez que depositavam um sacolão cheio até a boca encostado em minha parede, eu tremia de raiva. Assim vem acontecendo durante anos, e ninguém do poder público olha por mim. Que coisa mais horrorosa, sô, transformaram-me num depósito de lixo. Não, jamais, eu não merecia isso, de maneira alguma. Que visual horrível, sinceramente, se a Cidade não merece isso, imagine eu, não mereço mesmo. Se for pra ficar desse jeito, cada vez piorando mais, prefiro seguir o caminho daquela cujo local eu ocupei. Sim, que venham logo, prostre-me ao chão e sobre meu espaço vazio construam um edifício, pois edifício é a nova moda da Cidade, surgindo em tudo quanto é lugar que nem mosca em alimentos. Vamos, acabem logo com meu tormento, porque não quero fazer parte da História de Patos de Minas assim². E quando for o meu fim, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se no final da Avenida Brasil, em frente a Praça Sete de Setembro (Cristavo).

* 2: Recentemente, limparam o passeio.

* Texto e foto (11/06/2023): Eitel Teixeira Dannemann.

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