DEIXAREI SAUDADE − 162

Postado por e arquivado em 2021, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Salve-se quem puder! Eis um grito meu de desabafo, totalmente inútil. Ora, se não. Para os humanos é muito fácil sair correndo quando ouve aquele apelo. E quanto a nós, imóveis? Por isso afirmei que era inútil o meu grito de desespero, visto que não podemos nos desgarrar do local onde fomos construídas. Simplesinho assim. E o porquê do meu lamento? Ora, ora, você aí está zombando de minhas paredes? Estão aí em volta as provas físicas do meu lamento: edifícios ou outras casas mais modernas em nossos lugares. Ora, ora, não mataram o Estádio Waldomiro Pereira que ficava bem aí em frente¹? Pois é, meus construtores eram torcedores do Mamoré e minhas entranhas já tiveram o orgulho de receber o Walter Caixeta, grande esmeraldino. Ô saudade daqueles brados, daquele clima ardente que reinava por aqui quando o adversário era a URT. Foram-se, para sempre. Hoje, à minha frente, com um besta dum edifício a atrapalhar a minha visão, um centro comercial no lugar do estádio. Nos lados, antigas como eu em estado de conservação para lá de Bagdá e que vão sumindo… sumindo… e quando se percebe, vapt-vupt, surge um edifício. É assim, pronto, e vou logo encerrar essa lereia porque não vai resolver o meu dilema, o meu futuro, o meu fim eterno. Fim eterno, e isso digo com satisfação, pois serei eterna na História de Patos de Minas, e, ora se não, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se na Rua Ana de Oliveira, n.º 592.

* Texto e foto (11/04/2021): Eitel Teixeira Dannemann.

Compartilhe