DEIXAREI SAUDADE − 158

Postado por e arquivado em 2021, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Lá nos idos da lamparina, sabe-se lá quem ou quais tiveram a magnífica ideia dessa baita distância da casa de um lado para a casa do outro lado. Assim, entre as fileiras de casas de cada lado formou-se um considerável espaço, que naquele tempo era na verdade um longo descampado entre as construções. Característica: poeira e lama a dar e vender de acordo com a estação. Como nada segura o progresso, este foi modernizando todo o espaço poeirento/lamacento através das décadas até chegarmos à atual Avenida Getúlio Vargas¹. O que eu tenho a ver com isso? Ora, prezado, por causa desse tal de progresso surgi sobre os escombros de uma semelhante. Eu por um acaso tive culpa? Assim aconteceu aos montes: velhas casas se foram em prol de novas casas. A avenida a cada década se rejuvenesceu. Restam ainda algumas daqueles tempos, mas, ora bolas, seus dias estão contados, exceto, é mais do que evidente, de uma ou outra protegida historicamente. Como a modernidade chegou de vez, e modernidade urbanística significa edifício, tanto as antigas que ainda sobrevivem quanto eu e outras mais recentes, que não somos protegidas historicamente, estamos fadadas a ceder lugar para os tais disgranhentos edifícios. Alguma dúvida? Repara na minha situação. Pergunto: quanto tempo as almas que me habitam resistirão ao progresso? Acabando logo com esse palavreado que não vai me salvar, sufocada como estou por esses dois paredões, só sei que, mesmo não fazendo parte das protegidas, faço parte da História de Patos de Minas e, chegando a minha vez, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se entre as Ruas José de Santana e Farnese Maciel, sentido PTC.

* Texto e foto (31/03/2021): Eitel Teixeira Dannemann.

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