Não, eu não sou aquela da Rua Major Gote, e muito menos aquela da Rua General Osório, e muito menos ainda a da Rua Anicésio Vieira. Eu sou apenas uma das centenas de casas construídas nesse estilo espalhadas pela Cidade e até em alguns dos nossos Distritos¹. Antigamente tinha isso de construírem muitas casas aproveitando o mesmo desenho arquitetônico, só mudando uma coisinha aqui e outra coisinha acolá. Muitas já se foram para o além para cederem lugar a outros tipos de arquitetura. Sei disso tudo, assim como sei que a moda agora é a substituição de casas por edifícios. Aqui no meu entorno² o processo está começando a engrenar. Ainda não é aterrorizador como em outros bairros, mas o suficiente para assustar e me deixar de paredes eriçadas e janelas boquiabertas. Dizem por aí que é um tal de progresso, e que ele veio para ficar, isto é, nos derrubar para sobre nossos escombros construírem os tais edifícios. Então, se isso está acontecendo em todos os lugares é melhor eu colocar o meu telhado de molho na esperança de que a minha vez chegue o mais tarde possível. É a única alternativa que tenho, e chegará o dia em que o meu estilo arquitetônico será extinto, restando apenas a certeza de fazer parte da História de Patos de Minas. E quando chegar a minha vez, deixarei saudade!
* 1: Leia “O Estilo José das Chagas”, “Deixarei Saudade − 111”, “Residência da Família de Pedro Paulino dos Santos”, “Antiga Residência da Família de Deusdedit Amaro Teixeira” e “Casa da Família de Luiz Gonzaga de Souza”.
* 2: O imóvel localiza-se à Rua Santa Catarina, entre Avenidas Brasil e Paranaíba, no Bairro Brasil.
* Texto e foto (25/10/2020): Eitel Teixeira Dannemann.