DEIXAREI SAUDADE − 114

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Saudosa Patos de Minas de antigamente, saudoso bairro de antigamente, saudosa rua de antigamente¹, só casas pra todo lado, umas simplesinhas, outras melhorzinhas, gente calma, poucos carros, algumas lambretas, o simpático barulho da torcida que vinha do campo do Tupi, o vai e vem dos alunos do Colégio Estadual e, o mais importante, nenhum edifício. Eis que, certo dia, quando reparei, lá estava um edifício. Certo dia de novo, lá estava outro edifício. E assim o trem foi petecando, pipocando edifício pra tudo quanto é lado no meu entorno. E em lugar de quem? Ora bolas, sob os escombros das minhas semelhantes. Até as almas que me ocupam reclamam que essa rua não é mais a mesma, que não há segurança, a bandidagem é quem manda e por aí vai. Evidente que o sumiço das casas me preocupa, e muito. E a preocupação foi ao apogeu quando esse monstro atrás de mim começou a ser erguido, às custas de outras que nem eu. Num piscar de olhos a coisa chegou a esse ponto aí. Parece até aquela coisa esquisita do filme 2001 − Uma Odisseia no Espaço que vi certa vez aqui na TV. Esse troço preto é mau agouro, puríssimo mau agouro, sinto-o rindo de mim e me dizendo que a minha hora está chegando. E ainda por cima o povo daqui praticamente não sai de dentro de mim por causa de um tal de Covid-19, que falam que está matando um mundaréu de gente mundo afora. Credo, esse troço preto aí é mesmo mau agouro. O jeito é eu me preparar para o pior, o momento em que me ruirão. Que seja, já faço parte da História de Patos de Minas, e deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se na curta Rua José Rangel, entre sua colega Prefeito Camundinho e Avenida Paranaíba. Leia “Rua José Rangel”.

* Texto e foto (03/03/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

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