DEIXAREI SAUDADE − 146

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Dizem que a vida seria maravilhosa se a gente não tivesse medo dela. Então posso analisar pacientemente que o medo tem a sua utilidade. Isso aí é conjectura dos humanos, eles têm os medos inerentes à espécie, sei muito bem disso. Como, por exemplo, esse tal de Covid-19, que está botando medo pra lá de légua nos tais bípedes de inteligências duvidosas que governam o mundo. Pelo menos, dessa praga aí estou livre, mas eu, como todos os imóveis, independentemente dos humanos compreenderem ou não, também tenho medo, um medo real, um medo cruel que atende pelo nome de demolição. Ô disgrama, só de pensar nisso meus rebocos arrepiam, como estão agora nesse momento. Você aí que está se preocupando com a minha lamentação, espia o bitelo aí atrás. Essa ruazinha aqui ainda está serena¹, mas em volta o que está pipocando de bitelos que nem aquele não está no gibi. Esse é o meu medo, cruel, pois não há solução, quando resolvem nos demolir é fim de papo e pronto. De jeito algum me considero eterna, afinal, não tenho alma. É o tal negócio: demolida, para sempre abolida! A única esperança que tenho é que o tempo se prolongue o máximo que puder. Enquanto isso vou curtindo a minha vidinha de aconchegar os meus donos sabendo que faço parte da História de Patos de Minas. E no que chegar a minha vez, deixarei saudade.

* 1: Rua Major Carlos Soares, entre suas colegas Cesário Alvim e Teófilo Otoni.

* Texto e foto (15/12/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

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