DEIXAREI SAUDADE − 145

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Não é para me gabar não, mas até que sou muito da ajeitadinha no meio de todas essas outras aí¹. Estranho é que, não faz muito tempo, afixaram uma placa de vende-se no portão da minha garagem. Não gostei deveras, pois se meus construtores estavam me querendo vender é porque não gostavam do meu aconchego. E eu fui vendida. Não demorou muito derrubaram a minha humilde colega e construíram esse prédio. Isso para mim também não foi nada legal. Mas fiquei na minha, tentando não imaginar porqueiras. Recentemente, trem mais esquisito do mundo, o povo daqui começou a usar máscaras por causa de um tal de Covid-19. Comecei a reparar nos transeuntes e notei que poucos usavam máscaras. Doideira, sô. Logo, pensei com meu telhado: por que uns usam e outros não? Deixei para lá, pois não tenho nada a ver com isso. Entretanto, o surgimento desse prédio ao meu lado sobre uma semelhante passou a me preocupar. Eriço os meus rebocos só de pensar que o mesmo poderá acontecer comigo. Ô danura, ô disgrama, nós todas não passamos de joguete nas mãos do famigerado progresso. Quer saber de uma coisa, eu já faço parte da História de Patos de Minas, e ponto final. E se um dia me transformarem em escombros, ora se não, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se à Rua Vereador Fhiladélphio José da Fonseca, entre suas colegas Artur Magalhães e Ponto Chic, no Bairro Nova Floresta.

* Texto e foto (22/11/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

Compartilhe