DEIXAREI SAUDADE − 121

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Quantos homens tombam por suas próprias faltas; quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Eu, mais uma vez solitária, penso nisso com pena dos homens. Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por má conduta e por não terem limitados seus desejos! Isso também me causa pena, eu que já sofri demais da conta com as enxurradas nessa rua¹, que adentravam-me céleres e causavam inúmeros aborrecimentos aos meus construtores e a outros que me habitaram. Recomendo que todos aqueles que são atingidos no coração pelas dificuldades e decepções da vida, interroguem friamente sua consciência. Estou livre disso, pois não tenho consciência para impor-me a dizer: se eu tivesse, ou não tivesse, feito tal coisa eu não estaria nessa situação. A minha situação independe de minha vontade. A minha vontade não vale nada perante os homens, os meus donos. Já fui morada de muita gente, e até de negócios. Agora, sem ninguém aqui dentro, sem saber quando vou ser habitada novamente, dói-me a incerteza do amanhã. O que vão fazer comigo? Jogar-me ao chão como estão fazendo com as outras? Vocês, homens, a quem culpar de todas as suas aflições senão a vocês mesmos? Como não tenho vontade própria, o tal livre arbítrio religioso, não me resta alternativa a não ser esperar o meu fim e curtir o meu legado: faço parte da História de Patos de Minas. E quando eu me for, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se na descida da Rua Ana de Oliveira depois do Mercado Municipal.

* Texto e foto (08/05/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

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