Quem é observador vai reparar duas características em mim que eram muito comuns nos idos tempos. Pra não perder muito tempo, vou logo destacando a primeira, que é esse belo pé de manga, e nisso me sinto uma privilegiada. Antigamente, praticamente todas as casas tinha, pelo menos, um pé de manga, mais comumente nos quintais, diferente de mim que é na frente. Com o tal do progresso para o surgimento de edifícios, as casas vão sumindo e com elas os pés de manga. Repetindo, sou uma privilegiada, pois esse meu pé de manga deve ter uns quarenta anos. E a outra característica? É a construção da casa bem afastada da rua, o que eu não entendo porque isso, como se fosse o quintal na frente. Na minha modesta opinião, isso tira muito a privacidade dos moradores. Mas, se era assim, eu lá com isso, e por aqui ainda tem muitas iguais a mim, mas não com esse garboso pé de manga à frente¹. Eu quando digo isso, podes crer que é verdade, pois tá lá um sujeito no outro lado da rua me fotografando. E assim, a vida vai seguindo com as incríveis e rapidíssimas transformações acontecendo não só aqui nesse bairro, mas em toda a Cidade. Meus ocupantes dizem que a Cidade vem crescendo muito e que a preferência dos habitantes é construir moradias em forma de edifícios. Quer dizer, se crescer para os lados, o centro da Cidade fica distante. Então, se crescer pra cima, melhor. Isso é coisa dos humanos e eu não tenho nada a ver com isso. O que tem a ver comigo é que, um dia, que seja o mais distante possível, eu e meu pé de manga deixaremos de existir nesse espaço de chão. Os humanos não morrem e, independentemente do caráter, não fazem parte da História de Patos de Minas? Pois é, nós imóveis também. E, como consolo a mim mesma, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Iguaçu, entre suas colegas Minas Gerais e Espírito Santo, no Bairro Santa Terezinha.
* Texto e foto (28/04/2024): Eitel Teixeira Dannemann.
