Pequenininha sou, desmilinguida não. Afinal, tamanho não é documento, como muito bem apregoam os humanos. Não dizem por aí que os melhores perfumes estão nos menores frascos? Pronto, falei. Já deu para reparar que sou bem cuidada, né. Como eu sou por dentro? Ora, deixa de ser curioso. Aqui abrigo há muitos anos algumas almas que, de uns tempos para cá, danaram a usar máscaras quando saem de dentro de mim. Carnaval prolongado? Depois entendi que é por causa de um tal Covid-19. Como eu não tenho nada a ver com isso, eles que se cuidem, eles que busquem seus auxílios emergenciais na CEF. Enquanto eles se preocupam com o vírus, eu me preocupo com a revolução predial da Cidade. Quem é o responsável por isso? Isso é ação de esquerda ou de direita? Percebo que há nessa Cidade um grupo de pessoas que tomou raiva de casas, sem que essas casas não tenham lhe feito mal algum. Esse grupo revolucionário, sem que ninguém os impeça, agora comanda tudo por aqui, nos derrubando sem dó nem piedade para a construção de edifícios. Povo disgranhento esse, que não tem o mínimo de respeito por nós, que somos integrantes da História de Patos de Minas. Eu já me sinto sufocada, e acima de tudo agoniada, naquela de que, mais dia ou menos dia, não sobrará de mim um mínimo grão de areia¹. Quiçá, a verdade é que deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se à Rua Rui Barbosa, entre suas colegas Vereador João Pacheco e Travessa Vila Rica, no Bairro Lagoa Grande.
* Texto e foto (14/08/2020): Eitel Teixeira Dannemann.
