Quando eu fui construída, tinha uma casinha ali, outra acolá e de repente juntaram as casinhas simples formando esse beco em curva poeirento pra caramba no tempo da seca e barro puro nas chuvas. Lembro que ele era conhecido por Beco Dores do Indaiá e depois, sei lá porque, mudaram o nome pra Rua Natal¹. Isso por um acaso é rua? E por que Natal? Eu não tenho absolutamente nada com isso, e tenho outras coisas com que me preocupar, como por exemplo, o bitelo aí atrás de mim. Antes, é bom esclarecer que todas nós éramos muito simplórias e que, no correr do tempo, algumas foram melhorando e eu, numa boa, sou uma das mais engraçadinhas desse pedaço. Aliás, tudo aqui em volta sempre foi muito simplório e até hoje é assim. O que está acontecendo é que essa simplicidade está se tornando perigosa para nós desse beco por causa do ligeiro surgimento de edifícios como esse aí atrás. Tá quem nem pipoca na panela quente. Então, por causa disso fico imaginando se esses edifícios vão nos invadir, porque se não, vamos ficar rodeados deles e esse beco será uma vila, quer dizer, um paredão de edifícios estilosos e nós aqui na base da simplicidade. Bem, só o tempo dirá o que vai acontecer, mas que vai acontecer uma coisa ou outra, isso é mais do que certo. É o tal do progresso, que vai modelando a História de Patos de Minas, da qual faço parte como todas nós daqui, e mudando tudo. E nessa mudança, se eu ficar, ótimo, se não, deixarei saudade!
* 1: Leia “Início da Rua Dores do Indaiá”.
* Texto e foto (13/05/2023): Eitel Teixeira Dannemann.