HIPNOTIZADOR, O

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

Hoje, são raras as visitas de circos na Cidade. Mas, nos idos tempos, durante um ano aparecia por aqui pelo menos uns quatro ou cinco, como por exemplo, o Circo Oriente, o Circo Goyano e o Circo Pavilhão Mineiro, que nos visitavam com frequência. Certa vez, lá pela década de 1950, esteve por aqui um deles com uma grande atração: um hipnotizador. A estrutura foi montada num terreno na esquina das Ruas Olegário Maciel e Tiradentes, onde hoje está o INSS, um local naqueles idos tempos usados pelos circos.

Logo na primeira apresentação, o hipnotizador fez enorme sucesso com seus poderes de dominar a mente dos outros. Ele costumava convidar uma pessoa no picadeiro e lá fazia ela rir, chorar, correr, sentar, levando o público ao delírio. Isso até que um gaiato espalhou a notícia de que era tudo combinado, isto é, a pessoa que ia lá no picadeiro já ia sabendo que tinha que fazer o que o hipnotizador pedia.

Foi um fuzuê em Patos de Minas, um desprestígio para o hipnotizador e principalmente para o Circo, que no outro dia ao mexerico danoso quase não teve público. Ofendido pela falsa notícia a respeito de suas qualidades profissionais, o hipnotizador resolveu desafiar a Cidade e provar que ele e o Circo não eram uma enganação, e sim uma trupe de profissionais sérios. Na época, o Prefeito era o Jacques Correa da Costa e concordou em que o hipnotizador fizesse uma apresentação no pátio do Grupo Escolar Marcolino de Barros para todos os alunos.

Tudo organizado, o grande pátio do Grupo repleto de alunos, o hipnotizador no alto da escada, quase todos os professores e a diretora como testemunhas, ele concentra-se, encara os jovens e com um microfone na mão ordena:

– Todos rindo!

E todos riram.

– Todos pulando no mesmo lugar!

– E todos pularam no mesmo lugar!

De repente, ele dá um passo em falso e quase despenca escadaria abaixo. Sem querer, ele clama:

– Ô cocô!

Levaram uma semana para limpar o pátio do Grupo e mais de um mês para que o odor voltasse ao normal. Ficou assim provado a capacidade do hipnotizador e a seriedade do Circo, que nunca mais voltaram a Patos de Minas.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 25/02/2020 com o título “Palacete Mariana na Década de 1960”.

Compartilhe