Já lá se vai um tempão que fiquei sabendo de minhas origens. Só não me lembro do ano, mas sei que teve um construtor na Cidade que ergueu um mundaréu de casas semelhantes a mim espalhadas por tudo quanto é canto, e até nos Distritos também. De início, não havia a garagem, só depois de anos é que arrumaram essa garagem em mim. Esse alpendre é característico em muitas de nós e a fachada só com algumas alterações entre umas e outras casas¹. Assim o tempo foi passando e eu tive o prazer de aconchegar inúmeras almas. Muitas crianças brincaram dentro de mim e em meu quintal, que tinha um lindo pé de manga que não existe mais. Aliás, pé de manga tinha em praticamente todos os quintais. Então, as crianças cresceram, meus donos morreram, seus herdeiros moraram muito tempo em mim e, quando percebi, me vi sem ninguém, transformada em depósito de tranqueiras. E sem ninguém, comecei a perceber as transformações ao meu redor². No início, não dei muita importância, até que de uns poucos anos para cá o que vem pipocando de edifícios por aqui não é brincadeira. É casa desaparecendo e edifício surgindo. Olha um deles aí atrás de mim. Eles estão me rodeando, depressa demais da conta, e por isso já posso colocar minhas paredes de molho para esperar serenamente a minha vez para fazer definitivamente parte da História de Patos de Minas. Vou, com certeza, mas deixarei saudade!
* 1: Leia “O Estilo José das Chagas”.
* 2: O imóvel localiza-se na Rua Rio Grande do Sul, entre sua colega Prefeito Camundinho e Avenida Paranaíba.
* Texto e foto (24/06/2023): Eitel Teixeira Dannemann.