Há muito tempo, tempo esse que não faço a mínima ideia de sua extensão, tinha uma residência nessa rua¹, ao lado de tantas outras. E com o passar desse tempo, paulatinamente, as residências foram se transformando em comércios, tendo suas estruturas, principalmente as fachadas, modificadas para cada ramo de negócio. Umas foram derrubadas e transformadas em imensas lojas. Nessa transformação, eu surgi no lote de uma delas. No princípio, era só aquela parte lá do fundo, onde funcionei como barracão de tranqueiras. Não me lembro quanto tempo depois, fui aumentada e até servi de morada. Mais à frente, fui transformada em comércio, sendo o portão que era a entrada para o quintal da casa agora como portão de entrada para mim. Assim foi muito tempo, até que me vi sozinha, já imaginando o meu fim. Mas, não mais do que de repente, resolveram me reformar. Teve até um enxerido que veio aqui registrar esse trabalho. Ainda não tenho a mínima ideia do que vai funcionar aqui. É até um contrassenso, pois se a moda é derrubar o antigo para construir edifícios, será por que estão me reformando? Eu sei que ficar pensando nisso, no que serei ou quando desaparecerei, é pura perda de tempo, pois nada, absolutamente nada, segura o progresso. A única alternativa que me resta é ficar aguardando a conclusão do meu destino naquela certeza evidente que faço parte da História de Patos de Minas. E, partindo eu, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se nos fundos do n.º 302 da Rua Olegário Maciel, entre sua colega Major Gote e a Avenida Getúlio Vargas.

* Texto e foto (17/01/2024): Eitel Teixeira Dannemann.