EDUCAÇÃO E PRECONCEITO NA DÉCADA DE 1940 – 2

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TEXTO: PADRE JOSÉ BATISTA (1945)

Si porem com a palavra “tradicional” querem os ateus apontar a Igreja Catolica, atribuindo-lhe os atributos indesejaveis de promotora dessa “disciplina imposta”, forçada, inconsciente, regimen de força e de coacção, só lhes podemos dizer que estão redondamente enganados ou então se deixam mover por uma inexplicável má fé. Estes senhores entendidos, tão prontos a suscitar verrinas provocadoras, deveriam compulsar os nossos tratados de pedagogia católica, conhecer a fundo a doutrina que nos rege, capacitar-se de tudo o que ela regeita. Feito isso, aposto em que não teriam o desplante inaudito de malsinar o que desconhecem.

Reflitamos um pouco e veremos para logo não ser justo indigitar de desumano o método disciplinar seguido aos colegios, ginasios, e escolas catolicas, pelo fato unico de ser ele mais serio, circunspecto não livre ou meio pagão.

As extravagancias esporadicas e a impericia contraproducentes de elementos isolados do professorado atribuiu-se à mentalidade individual, não revertendo a culpabilidade ao sistema educativo catolico que verbera todo excesso, toda atitude condenavel. Que cada escola faça publico alarde de seus metodos educativos que juga otimos, não vemos mal nenhum nisso. De muito bom alvitre opinamos que enquanto é exaltado um metodo novo, não se menosprezem ou outros, mesmo que sejam considerados antiquados, que isto provoca rixas, irrita os seguidores da parte contraria e provoca discussões desnecessarias.

Propoz já alguem uma solução que reputo interessante: Cada qual adote o processo próprio de sua eleição e o submeta à prova do tempo, á opinião publica, ao sentir coletivo, pois a experiencia posterior virá dizer, cedo ou tarde, a otimos e diligentes mestres a viabilidade do plano aceito. Certo é que os melhores metodos, antigos ou novos, tem de evoluir.

Veridico igualmente não deixa de ser que por mais perfeito que uma pedagogia se apresente, sempre contará inumeras dificuldades de aplicação, pois encontrado com um elemento que reage constantimente como seja o educando, será sempre maleável e terá de ser efetivada à força de muito critério e sabedoria. A materia é mui complexa e debatida para, assim de uma tirada entusiastica, prostrar por terra todos os adversarios. Si os antigos metodos possuem deficiencias para quem os estuda em nossos tempos, talvez que os novos, os ultramodernos apresentem reais lacunas mesmo para quem, os enquadrinha em plena lucidez e sem apaixonamento nos dias atuais.

Danoso será porem firmar-se num pessimo e infeliz unilateralismo. Estamos de acordo em rejeitar e banir toda violencia e incompreensão da alma humana, todo descaso pela psicologia infantil. A Igreja sempre zelou pela direção da juventude, sempre cuidou do grande problema da educação da mocidade. Mas não fica bem a toda pessoa de bom senso, e parece mesmo obra de criançolas irresponsaveis assestar baterias contra a disciplina tradicional católica, apresentando-a como bicho-papão, relíquia da idade media, coisa abominavel, quisto atrofioso, capaz de precipitar no servilismo degradante, num amplo obscurantismo, a nossa briosa juventude escolar. E não é isso o que intencionam certos adeptos mal intencionados de laicismo pedagogico?

NOTA: Em abril de 1942 uma nova reforma foi implantada com o intuito de reestruturar o ensino secundário, que foi Reforma Capanema, como muitos educadores denominam.

* Fonte: Texto publicado com o título “Educação e Preconceito” na edição de 21 de janeiro de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Trechos do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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