DEIXAREI SAUDADE − 167

Postado por e arquivado em 2021, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Petecou tudo aqui pro meu lado, o trem já caminhou para a minha incompreensão. Aqui estou eu na minha simplicidade nesse torrão¹. Sei lá o que está acontecendo. Antes, o portão da garagem era à minha direita. Aí passaram o portão da garagem para minha esquerda e lá no antigo tempo fizeram esses dois portões pequenos. Por que dois portões pequenos? Ah, e quando era antes, não existiam esses dois edifícios aí atrás de mim, nem outros tantos ao redor. Que loucura, sô. Vivo ouvindo vozes de meus ocupantes falando sei lá o que, que vão fazer isso e aquilo, que o negócio é esse mesmo. Que negócio é esse mesmo? Por um simplesinho acaso tem a ver com os dois tais edifícios? Ora, é evidente que os tais dois edifícios e os demais surgiram porque… porque.. tem dó, Deiró, surgiram porque minhas semelhantes foram transformadas em entulhos, destruídas para cederem lugar à modernidade. Modernidade? Que bruaca de modernidade é essa que destrói o antigo para a ocupação do novo? É assim mesmo que a banda toca, o velho está sempre fadado a ceder lugar ao novo? Se assim for, disgrama de vida em todos os sentidos. Quer dizer, somos construídas, abrigamos e depois somos sumariamente descartadas como reles amontoado de entulhos. Eis aqui então que o meu destino já está traçado, devidamente traçado: demolição. E após demolida e caracterizada na História de Patos de Minas, com certeza surgirá nesse meu espaço um novo edifício. Que seja. Porém, honradamente deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se na Avenida Tomaz de Aquino em frente a uma praça sem nome oficial entre as Ruas República do Chile e Pedra Azul.

* Texto e foto (16/05/2021): Eitel Teixeira Dannemann.

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