Há uma pecha que impera sobre essa região aqui¹ que vem desde os tempos em que fui erguida. Sei lá se é porque é bem próximo ao Rio Paranaíba, e quando se está bem próximo ao Rio Paranaíba o povo que não é morador próximo ao Rio Paranaíba pensa que quem mora bem próximo ao Rio Paranaíba é um qualquer. É isso mesmo, e eu estou a concordar, na base do nem todos. Atente-se que nos fundos do Bairro Copacabana, quem está lá? É, o Rio Paranaíba! E aí? Mas vamos em frente, porque essa região aqui em pleno século 21 ainda é muito carente, com muitas deficiências estruturais. Imagine então aí pra trás no tempo. Interessante que, nos tais aí pra trás no tempo, e até hoje, nunca fui cercada. Sempre fui assim, aberta aos ventos do dia-a-dia e da noite-a-noite. Não faz muito tempo, é que colocaram grades nas minhas janelas e portas. E só. E assim, aqui estou eu, nessa simplicidade toda, com essa parte do morro acima de mim ainda desocupada. Mas é por pouco tempo, pois o tal progresso não tardará a chegar para alijar a todas nós, casas humildes que, quer queiram ou não, fazem parte da História de Patos de Minas. Ah, que tal a bananeira? Pois é, assim vou sobrevivendo, sabendo que não vai ser pra sempre. Óbvio, vai chegar o momento da minha partida, o dia em que serei transformada em escombros. E nesse dia, com certeza, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na esquina da Rua Dr. Adélio Maciel (à frente) com sua colega Espírito Santo (à direita), no Bairro Várzea.
* Texto e foto (25/11/2023): Eitel Teixeira Dannemann.