TEXTO: OSWALDO AMORIM (1985)
Não é segredo para ninguém o descompasso entre a nossa grande expressão sócio-econômica e a nossa ainda modesta expressão política, com evidentes prejuízos para o nosso desenvolvimento municipal e regional.
Patos não soube, ou − pelo menos − há muito tempo não tem sabido utilizar a política como uma poderosa alavanca para o seu desenvolvimento − a exemplo de tantas outras cidades.
Durante muito tempo ficamos reduzidos à condição de colônia eleitoral, que eu tanto denunciei e combati, como obstáculo ao nosso fortalecimento político.
Agora já não somos. E no entanto o problema perdura. Por quê? Porque o problema não se esgota aí. Creio que ele deita suas raízes exatamente na falta de uma política orientada para o desenvolvimento.
Basta ver que até hoje não temos uma ligação asfáltica contínua para Brasília, que tanta falta faz a Patos e toda uma imensa região. Uma ligação que poderíamos ter conseguido à própria época da construção de Brasília e que teria mudado a nossa história, pelo seu poderoso influxo em nosso desenvolvimento. Isto teria sido perfeitamente possível se aqui existisse, à época, uma política nitidamente a serviço do progresso.
Não existia e, infelizmente, continua a inexistir. Mas, se naquele tempo era compreensível a inexistência de uma ação política tão progressista, hoje isto é totalmente inadmissível.
Infelizmente, a nossa evolução política está deixando muito a desejar. Se ganhamos de um lado, perdemos de outro. Se conquistamos mais poder, perdemos em mentalidade. Creio que, infelizmente, há qualquer coisa de pequeno, de rasteiro em nossa política, que se agravou de algum tempo para cá, sugerindo um grave retrocesso em nossos costumes políticos, nos quais, de qualquer forma, imperava certa elegância no trato com os adversários.
Ora, em nossa época, não faz mais sentido a busca do poder pelo poder, ou para satisfação, capricho ou interesse. É preciso buscar-se o poder para colocá-lo, efetivamente, a serviço do progresso e do bem estar social da comunidade regional.
Para o bem de Patos e da região, sobre a qual Patos tem nítida influência e, logo, inequívoca responsabilidade, é preciso pensarmos e agirmos com grandeza, com largueza. É preciso deixar de lado qualquer idéia mesquinha para partirmos, com decisão, para uma generosa política dirigida para o progresso local e regional.
Esta, a meta geral. A estratégia para alcançá-la, além de elegermos os representantes certos nos parlamentos estadual e federal, seria a criação de uma política de poder para Patos e Região, traduzida na ocupação, por gente nossa, de cargos de chefia no Governo Estadual e, eventualmente, também no Federal, capazes de render proveitos para a comunidade regional.
Não há tempo a perder: urge que nossas lideranças se articulem logo com vistas à implantação desta política, que para ganhar a necessária dimensão, precisa do apoio dos municípios vizinhos. Obviamente, quanto mais aliados conquistarmos para esta causa, que não é só nossa, pois pelos seus próprios objetivos, interessa a toda a região, maior será o nosso poder de pressão para a conquista daqueles cargos.
* Fonte: Texto publicado com o título “Por uma Política de Poder para Patos e a Região (III)” na coluna Política do n.º 115 de 15/05/1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.