DEIXAREI SAUDADE − 246

Postado por e arquivado em 2023, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Tudo é questão de querer entender as coisas, pois quem não procura entender as coisas acaba não entendendo nadica de nada. Entendeu? O negócio é que daqui do meu pedacinho de chão fico manjando aquele edifício horroroso aí atrás de mim e entro naquela de querer entender como um troço desses está lá há mais de trinta anos enfeiando a Cidade¹. Pelamordedeus, sô! Pelo menos procuro entender, e isso há muito tempo, mas não consigo de modo algum entender. Agora, o que estou entendendo bem, e muito bem, diga-se de passagem, é que recentemente recebi um chá de beleza de primeira. Olhe pra mim e depois para aquele monstrengo lá. Que diferença, né. E olha um colega dele à minha esquerda. Que diferença, né. Outra gaita! É por isso que me sinto tranquila quanto ao meu futuro, pois acredito que meus donos não são idiotas pra gastar uma graninha razoável na minha reforma pra pouco tempo depois me derrubarem em prol de mais um edifício. Essa é outra coisa que entendi e muito bem: um dia vou morrer e em meu lugar vai chegar um edifício. Óbvio, assim tão óbvio como você aí que está lendo essas minhas singelas palavras que um dia vai morrer. E assim, curtindo a minha beleza, a minha plástica, vou aconchegando os humanos até onde eu puder, marcando minha presença na História de Patos de Minas. Isso ninguém tira de mim, e quando eu me for, tão certo quanto dois mais dois é igual a quatro, deixarei saudade.

* 1: O imóvel localiza-se na esquina da Rua Amazonas (à direita) com sua colega Rubens Magnino (à esquerda), no Bairro Cônego Getúlio. Quanto ao edifício, leia “Edifício Esqueleto”.

* Texto e foto (08/07/2023): Eitel Teixeira Dannemann.

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