E lá se foi o Natal. Teve festança dentro de mim. Gostei muito, porque nos dois últimos, por causa da pandemia do Covid-19, o clima por aqui era de preocupação e pouco ajuntamento de pessoas. Só os familiares daqui se confraternizaram. Dessa vez não, foi muito legal. E lá vem o Ano Novo. Pelo o que as minhas paredes estão ouvindo, vai ser mais comedido. E por falar em Covid-19, minhas janelas e o telhado, atentos a tudo, perceberam alguma preocupação nas almas que aconchego, pois, de uma frase aqui, outra lá, e mais uma acolá, dei a entender que o troço ainda não acabou, mesmo não tendo a gravidade gravíssima de antes… êpa, redundei. Deixa estar. Putz, que trem mais doido, sô. Como imóvel, nada disso me afeta. O que me afeta de verdade, e isso vai me afetar durante todo o próximo ano e sei mais quantos, é a transformação vertical da Cidade. Você aí já percebeu aquele bitelo que está sendo erguido na esquina das Ruas Teófilo Otoni/Agenor Maciel onde era um posto de gasolina? Olha aí à minha esquerda e note a predaiada. E a dengue? O trem tá feio também, sô. Por que mudei de assunto? É pra não ficar pensando que, depois que veio aqui na praça o Edifício Apolo no lugar de uma casa que era arrumada como eu, óbvio, outros, virão¹. As motos barulhentas? Ora, isso é um verdadeiro inferno por causa de gente que poderia acabar com isso e não acaba. Diante disso e muito mais, vou levando a minha vida de imóvel. Que venha o amanhã, e que esse amanhã seja alegre e produtivo, pelo menos para as almas que eu aconchego. Quanto a mim, o que me importa é que fui registrada na História de Patos de Minas. E deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Praça dos Boiadeiros (Abner Afonso), esquina com a Rua 05 de Maio.
* Texto e foto (30/12/2022): Eitel Teixeira Dannemann.