Eu reparo nessas casas novas que pipocaram por aqui¹ nos últimos anos e não consigo entender o porquê tamanha preocupação em colocar grades nas janelas, cercas elétricas, câmeras e portões altos. Olho para elas e depois para dentro de mim. E é cada casa bitela com arquitetura diferenciada da minha. É, digamos que são mais incrementadas que eu. Mas não era assim não. Era tudo do mesmo nível que eu, simples e com muros baixos que nem o meu e muitos não passavam de um metro. E praticamente todas tinham mangueiras como essa daqui. Como as coisas acontecem muito depressa, minhas semelhantes foram sendo substituídas pelas mais incrementadas cheias de não me toques. E com um grande detalhe: sem árvores. Eu não, continuo simples, com o muro baixo e com a mangueira. Aliás, agora eu lembrei, eu era cercada por uma muretinha bem simplória e não me lembro quando as almas que me habitam me cercaram com essas placas pré-moldadas mais altas. Será que foi influência das novas? Ah, lembrando de outro fato, muitas das minhas semelhantes ao meu redor cederam lugar não para outras casas mais sofisticadas, mas para edifícios. Juntando esses dois fatos passei a me perguntar: será que isso também vai acontecer comigo? Pelo visto não vai ter escapatória, isto é, ou cederei lugar para uma casa mais sofisticada ou para um edifício. E aí? E aí, nada, pois nada posso fazer para mudar o meu futuro. A minha única alternativa é esperar para que lado eu vou: nova casa ou um edifício. O resto é impressão da Tita. E nessa, eu entro para a História de Patos de Minas. E ainda deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na esquina da Rua Uberaba com sua colega José Alves Coelho, no Bairro Aurélio Caixeta.
* Texto e foto (05/05/2022): Eitel Teixeira Dannemann.
