O comportamento de um gato é fruto de sua genética combinada ao ambiente em que vive e as suas primeiras experiências enquanto filhote. Desses resulta o seu temperamento que determinará a forma que ele interagirá individualmente e com o grupo.
Embora o ambiente doméstico humano possa não equivaler a um grupo felino, somos membros de uma mesma família multiespécie interagindo socialmente e compartilhando o mesmo espaço. Como espécies diferentes temos níveis e estilos distintos de socialidade, ou seja, somos diferentes no gostar e desgostar de interações sociais. Portanto, para que possamos conviver de forma pacífica e harmoniosa é fundamental que nos compreendamos minimamente e que respeitemos a forma de interagir do outro, promovendo interações que são apreciadas pelos gatos e evitando aquelas que eles desgostam.
Um erro bastante comum é assumirmos que o gato gosta daquela interação que estamos oferecendo (ex: um carinho na barriga), simplesmente porque ele não reluta ou agride, ou até que ele deseja interagir daquela forma com os humanos, quando na verdade, na maioria das vezes, ele apenas as tolera!
Gatos constituem uma espécie social com restrições, ou seja, apreciam interações sociais com moderação. São de poucos amigos, agindo solitariamente em muitas atividades diárias tais como a caça e as batalhas. Mesmo entre grandes amigos felinos, prepondera os momentos frequentes, porém curtos, de contato físico amigável tal como lambedura e esfregamento recíprocos, sonecas lado a lado e aproximação focinho-focinho; não apreciam interações físicas restritivas, ou seja, longos abraços ao estilo “Felícia”.
Tendo em mente o estilo social felino de ser e buscando sermos verdadeiramente aceitos e apreciados pelos gatos, é fundamental que sejamos coerentes na forma de interagir com eles ou, ao contrário do que esperamos, teremos gatos que não nos apreciam, evitam contato conosco ou até nos agridem. Grandes amigos dos gatos respeitam o limite social do bichano, interagem até onde o gato estiver demonstrando contentamento, não se chateiam com momentos de distanciamento por parte do gato e compreendem que ao seu tempo e ao seu modo o gato saberá demonstrar seu carinho.
Sim, gatos não só demonstram carinho como podem se apegar fortemente a nós humanos, a parceiros felinos, caninos e de outras espécies, mas isso depende muito de quando se encontraram (melhor que tenha sido na infância), de onde vivem atualmente (melhor que seja um ambiente amplo e enriquecido, pouco estressante) e de quanto o outro indivíduo respeita o estilo social felino.
* Fonte: Comportamento Felino − Conceitos e Prática (Ceva − Feliway), em ufpel.edu.br.
* Foto: petz.com.br.