Uma das manias dos humanos é estabelecer que tal casa fica na rua fulana, a outra na rua sicrana, e ainda aquela na rua beltrana. Eu, por exemplo, fui erguida aqui, estou aqui, e pouco me importa que local é esse onde estou¹. Para nós, imóveis, isso não faz a menor diferença. O que me importa, mesmo eu não sendo uma mansão ou palacete, é ser bem tratada, como realmente sou. E tenho consciência de dois fatos: nem todas são bem tratadas como eu e que, independente de ser bem tratada ou não, estamos, paulatinamente, cedendo lugar para os edifícios. Esse aqui ao meu lado é recente e aqui no entorno o bicho tá pegando. Óbvio que todas nós, antigas como eu ou não, estamos preocupadas. Aí eu pergunto: fazermos o que contra essa sanha demolidora? Tem jeito não, o progresso é avassalador, e como não há como crescer para os lados, que o crescimento seja para cima e ponto final. A Rádio Clube acolá que se cuide, pois não há salvação pra ninguém, quem sabe só para a casa do Olegário Maciel, que foi tombada e hoje é museu. Mesmo assim, cuide-se casa do Olegário. Sigamos, sigamos e sigamos, pois ninguém ouve nossos reclamos, sempre seguindo, seguindo e seguindo, pois nosso fim está vindo. Não é História de Patos de Minas? E assim na maturidade, bem no estilo José das Chagas², deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se na Rua Olegário Maciel, entre sua colega Tiradentes e a Avenida Getúlio Vargas.

* 1: Leia “O Estilo José das Chagas”.

* Texto e foto (12/03/2023): Eitel Teixeira Dannemann.