Passa boi, passa boiada. Assim era, e logo ali tinha um descampado onde muitas tropas descansavam o gado e se descansavam antes da entrega das vítimas para o abate¹. Daqui pra cima era a saída para o hoje município de Presidente Olegário, passando pelo curral de tábuas da Augusta Gomes Ferreira, terrenos do Otávio Magalhães, Dr. João Borges e pela entrada da fazenda do Binga², e também subia uma estrada que ia para a Mata dos Fernandes. Voltando ao dito descampado, lá era a residência da família do Seu Clarindo³. Não posso deixar de frisar que por aqui tinha muita pobreza. Tirante os fazendeiros que protegiam suas terras com gana, era muito casebre4. Isso tudo ficou para trás. Imóveis antigos foram sistematicamente substituídos por outros mais modernos, até para comércios, incluindo aí a saudosa residência do Seu Clarindo5. Tudo foi mudando, se modernizando, ruas sendo calçadas e depois asfaltadas. É o progresso nos acometendo, nos devorando, matando o passado que muitos detestam, mas se esquecem de que sem ele não existe presente e muito menos futuro. Eu, como imóvel das antigas, nem sei como ainda estou de pé no meio desse fuzuê modernista. Ora, ora, é questão de pouco tempo e sentirei minhas estruturas sendo dilaceradas. Aí clamarei a mim mesma: Entrei para a História de Patos de Minas, e deixarei saudade!
* 1: O imóvel é a primeira casa da Avenida Tomáz de Aquino. O tal descampado é hoje a Praça Nossa Senhora de Fátima, mais conhecida como Praça do Rosário.
* 2: Leia “Estande da Dipam no Parque de Exposições no Início da Década de 1970 − 1 e 2”, “Parque de Exposições: O Início” e “Tita na Fazenda do Binga”.
* 3: Leia “Casa da Família de Clarindo José de Souza”.
* 4: Leia “Fazenda da Beira da Lagoa”.
* 5: Leia “Antigo Imóvel de Clarindo José de Souza: Foi-se Mais um Pedaço de Nossa História” e “Esquina da Rua Ataualpa Dias Maciel Com Praça do Rosário em Dois Tempos”.
* Texto e foto (11/04/2021): Eitel Teixeira Dannemann.