DEIXAREI SAUDADE − 141

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Minhas entranhas estão em polvorosa. Estou me sentindo sofrida e vou seguindo com tolhida, sentida, rendida, perdida, omitida, inibida, fendida, despida, cuspida, repelida, reduzida, oprimida, exaurida, deferida, aturdida, sucumbida, esquecida, comprimida, espremida… e vamos parar por aqui senão o trem vai longe. Credo em Cruz, Ave Maria, Nossa Senhora da Abadia, tenho certeza de que muitos humanos vão se perguntar: imóveis tendo emoções? Sim, temos emoções que ricocheteiam em cada centímetro de nossas estruturas quando percebemos que a luz amarela tomou o lugar da luz verde. Por quê? Ora, meu prezado, por aqui¹ só tinha casas. Era a luz verde. De uns tempos para cá danou a surgir edifícios pra tudo quanto é lado. É a luz amarela. Repare ao lado e atrás de mim. Edifícios, edifícios… é a luz vermelha, meu chapa, que brevemente chegará para mim, para minha semelhante colada em mim e para todas as outras. Será o fim de uma existência por conta única de aconchegar os meus ocupantes. Estou comprimida, espremida, uma lasqueira que aborrece os meus rebocos que já pressentem o que me espera: entulho, nada mais do que entulho. Pelo menos será um entulho memorialístico, pois pertenço à História de Patos de Minas. E deixarei saudade!

* O imóvel localiza-se à Rua Dores do Indaiá, quase esquina com a Avenida Padre Almir Neves de Medeiros.

* Texto e foto (18/10/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

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