O Natal esta aí, e eu já passei por muitos Natais, tantos que não me lembro de quantos. Só sei que entre tantos Natais acompanhei o desenvolvimento dessa região, de simples loteamento para gente humilde e que hoje, não tão humilde assim, se transformou num bairro só de casas e que aos poucos vai se enchendo de edifícios, ocupando os nossos lugares¹. Natal! Sinceramente, o Natal não mexe muito com minhas estruturas. Afinal, cada imóvel no seu quadrado, e digo que o imóvel é o espelho de seus moradores. O Natal então se qualifica e se quantifica de acordo com o imóvel. É a regra geral, pois sempre há as exceções. Eu não sou uma delas, faço parte da regra geral, com muito orgulho, pode crer. Nada a reclamar estando dentro do meu quadrado. Entretanto, em todo Natal bate-me uma tristeza medonha. Não por mim e muito menos pelas almas que aconchego. É que tenho ciência de que, só ficando aqui no nosso Município, o mundaréu de gente que não terá a mínima condição de curtir o Natal na sua real significação. Natal, isso não me apetece, não me preocupa. O que me preocupa, pelo segundo Natal consecutivo, é a expectativa que ronda minhas estruturas, a expectativa funesta de ser demolida para servir de lote em prol do progresso. Muitas como eu já se foram, pois nada, absolutamente nada, segura o progresso. Enquanto isso, nesse Natal, quietinha no meu canto, ciente de que faço parte da História de Patos de Minas, vou levando a vida. E quando chegar o momento cruel, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Mata dos Fernandes, esquina com Rua dos Afonsos, no Bairro Vila Garcia.
* Texto e foto (21/07/2022): Eitel Teixeira Dannemann.