TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2022)
Eu nunca presenciei tamanha tranquilidade em Patos de Minas, quanto à mobilidade urbana e ao sossego do Cidadão, como nos anos de 2020 e 2021. Infelizmente, essa dupla tranquilidade custou muitas vidas aqui no Município, pois foi no auge da pandemia do Covid-19: povo recolhido, comércio fechado, ruas praticamente vazias e nas noites vinha um clima de cidade fantasma. Portanto, foi um sossego sofrido, com várias famílias chorando a perda de seus entes queridos, com outras famílias torcendo com ardor para que seus entes queridos hospitalizados não se juntassem às estatísticas de mortes.
Felizmente, graças àqueles conscientes que recorreram imediatamente ao esquema de vacinação, o ano de 2022 adentrou-se em nossas vidas com a esperança de dias melhores e que poderíamos voltar à normalidade, não total, mas quase. Foi então que o povão, acorrentado durante dois anos, começou a se libertar e partir para a tal normalidade. E nessa, num processo gradativo, foi voltando aos tempos anteriores, em que faziam o que queriam porque sabiam da fragilidade do poder público em acatar as nossas Leis.
E mal chegou em meados de 2022, a Cidade voltou ao caos tradicional no que se refere à mobilidade urbana e ao sossego do Cidadão. As motos barulhentas voltaram com força total. Os carros e camionetes com sons nas alturas voltaram com força total. As carretas e bi-trens de altíssima tonelagem, arrebentando as vias do Centro, principalmente as Ruas Major Gote e Dr. Marcolino e Avenidas Paracatu e Getúlio Vargas, voltaram com força total, transformando o já caótico trânsito em muito mais caótico ainda.
O poder público, para demonstrar que não estava fazendo nada para combater essas mazelas, praticou algumas blitz policiais unicamente direcionadas às motos barulhentas. Umas poucas e pronto. A partir daí, a Cidade ficou à mercê dos energúmenos. Para quem quiser fazer um laboratório sobre os atuais motorizados usuários de nossas vias públicas, o local é a esquina da Rua Major Gote com sua colega Maestro Randolfo, onde tem um semáforo. Sobre motos, impressionante o show de horrores. Praticamente 100% das motos de entregadores estão com escapamentos adulterados. E esses motoqueiros entregadores provocam verdadeiros espetáculos grotescos. Quando descem da Praça Antônio Dias, chegam ao citado semáforo a 100 km/h numa barulheira infernal, fazendo zigues-zagues, empinando as motos, e, diminuindo a velocidade, cruzam o sinal vermelho sem cerimônia alguma. Os comércios que usam esses motoqueiros para entregas de seus produtos deveriam ser boicotados, pois são corresponsáveis pela zorra. Assim como eles, em qualquer hora do dia, é o mesmo com muitos outros motoqueiros. Quanto às motos possantes, também com quase 100% delas com escapamento adulterado, é mais um horror de barulho, com muitas que dão tiros assustadores, e isso em qualquer hora do dia. E todos eles fazem questão de urrar as motos intencionalmente para barulhar o ambiente.
Carros e camionetes com som nas alturas que assustam até os moradores do Cemitério Santa Cruz e disparam alarmes de carros estacionados estão cada vez mais presentes no trânsito, para desespero de quem quer sossego. Interessante é que, no auge da pandemia, o atual ocupante do trono da prefeitura teve peito para decretar o fechamento de comércios, teve peito para proibir a venda de bebidas alcoólicas e recentemente teve peito para proibir fogos de artifícios com estrondos (estupidez, pois todo dia tem fogos de artifício com estrondos), mas, infelizmente, não tem peito para proibir motos barulhentas, não tem peito para proibir carros e camionetes com som nas alturas e não tem peito para proibir carretas e bi-trens arrebentando as nossas ruas. Afinal, isso não é para qualquer um, tem que ter peito!
Psicólogos já deram entrevistas sobre como essa barulheira, sob os auspícios do poder público, prejudica a saúde de qualquer Cidadão, principalmente a dos autistas. Inclusive uma delas, irritadíssima, comentou: − É tão fácil de resolver, o que falta é “homem público” para acabar com isso. Outra chegou a clamar: − Quando teremos o fim dessa zoeira? É doutoras, com esse poder público atual, esperem sentadas. É certo que pau que nasce torto, morre torto. Portanto, doutoras, vamos ter que suportar mais dois anos de inocuidade gestacional. E que em 2025, surja um poder público que tenha compromisso conosco, Contribuintes, e não com seus interesses políticos.
Assim, no que se refere à mobilidade urbana e ao sossego do Cidadão, o ano de 2022 foi uma lástima. A foto elucida o motivo!
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sob publicação de pensarcontemporaneo.com.