DEIXAREI SAUDADE − 184

Postado por e arquivado em 2021, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Se tem uma coisa que me intriga é o porquê colocaram o nome nesse cadiquinho de via de Rua Estrela do Sul. E esse beco aqui ao meu lado já teve também o nome de Estrela do Sul e depois veio uma petecaiada danada do poder público¹. Povo esquisito esse! Enquanto isso, eu, como imóvel, fica só na surdina ouvindo os comentários de meus ocupantes, prestando atenção nas mudanças que estão acontecendo no meu entorno e nenhuma saudade das inúmeras enchentes que já me acometeram desde o tempo em que isso por aqui era um brejo brabo. Já fizeram uma infinidade de obras, desde a canalização do Córrego do Mamoré², mas não solucionaram o problema. Nessa, uma chuvinha mais forte ainda causa transtornos. Fazer o que? O negócio é eu não me preocupar com isso e me preocupar, isso sim, com a predaiada que vem tomando conta de nossos lugares de nascença. É rasteira destrutiva em nós em tudo quanto é lugar aqui na Cidade. Estão nos eliminando como se elimina piolho em cabeça de criança. Fazer o que? O humano clama: adianta eu me descabelar? Eu clamo: adianta eu me desemparedar? Nada disso. Se a sina dos humanos é morrer, a sina dos imóveis é a demolição. Se tem humano esperando a sua vez de ir para o Além, tem eu aqui esperando a minha vez de também ir para o Além. Assim será, e nesse dia entrarei para a História de Patos de Minas. E deixarei saudade!

* 1: Leia “Beco Estrela do Sul”.

* 2: Leia “Canalização do Córrego do Mamoré”, “Quando o ‘Brejo’ Era Problema”.

* Texto e foto (14/11/2021): Eitel Teixeira Dannemann.

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