Desde nova fui simples, humilde e aconcheguei inúmeras consciências. Sabe-se lá que consciências. Mas, desde o primeiro tijolo assentado, passei a pertencer à História de Patos de Minas. Prestes a encerrar o meu ciclo de vida, quando eu for ninguém mais se lembrará de mim, a não ser as consciências que me habitaram. Vou em paz, e mesmo não sendo reverenciada como os casarões da elite, jamais deixarei de fazer parte da existência da cidade. Estou nas minhas últimas forças, mal me sustentando em pé, ali no n.º 1060 da Rua São Geraldo, no Bairro Cerrado. Quanta saudade eu tenho daquele tempo, sem carros passando a todo momento. Aqui era zona rural, estrada de terra, ambiente calmo, vida saudável, ar puro. No meu terreiro tinha criação de galinha e porco, e um belo pomar. Uma gente simples como eu sempre aparecia e me confortava. Infelizmente, tudo acabou, fui abandonada, e humildemente espero o meu fim. Este verso da música “Peso dos Anos”, de Walter Rosa e Candeia, fala por mim: Sinto que o peso dos anos me invade, vejo o tempo entregar à distância minha mocidade. Oportunamente partirei abandonando as coisas naturais, mas deixarei saudade. Com certeza, e assim vou para a eternidade!
* Texto e Foto (05/06/2016): Eitel Teixeira Dannemann.