Perceberam a estampa, a arquitetura diferenciada? Sei lá quem me construiu, pouco me importa, e esse pouco me importa você vai entender daqui a pouco, mas quem me ergueu me fez surgir no mundo patense como um imóvel além do tradicional caixote telhado. Ô José das Chagas, que o além continue lhe guardando com todo o conforto, nada a ver contigo, pelamordedeus¹. Repararam como sou diferente das minhas colegas que ainda sobrevivem na Avenida Getúlio Vargas², principalmente aqui para as bandas do PTC? Pesquise aí, na modernidade arquitetônica, se tem imóvel como eu sendo construído. Tem não. O que venho acompanhando aqui nessa vasta avenida nada mais é que a substituição de minhas colegas por edifícios. Edifícios, os dominadores do presente. Edifícios, os dominadores do futuro. Sim, anote aí, não demorará muito tempo e toda a Avenida Getúlio Vargas será dominada por edifícios, os fatais representantes máximos do progresso em qualquer cidade.
Vil progresso, vil especulação imobiliária, que passa como uma retroescavadeira sobre todas nós que ornamentamos durante anos e mais anos a paisagem dessa Cidade! Fomos, eu com minhas especiais peculiaridades geométricas sofisticadas, e as demais com suas particularidades geométricas simplórias, mas eficientes como eu em aconchegar as almas habitantes, importantíssimas nas vidas dos tais. Os tais, que já abandonaram muitas sem a mínima consideração, e que, sei disso, um dia os meus tais igualmente me abandonarão. Aí vem o pouco me importa a que me referi. Por que o pouco me importa? Porque nada, absolutamente nada, vai impedir que o novo vença. Sendo assim, nada, absolutamente nada, sei lá quando, vai impedir que eu seja posta ao chão. E quando acontecer, desde que surgi, sou pertencente à História de Patos de Minas. E deixarei saudade!
* 1: Leia “O Estilo José das Chagas”.
* 2: O imóvel situa-se à dita avenida, esquina com sua colega Paranaíba.
* Texto e foto (13/06/2018): Eitel Teixeira Dannemann.
