DEIXAREI SAUDADE − 148

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Lembranças, nada mais do que lembranças, para não dizer palavras, nada mais do que palavras, ou ainda passado, nada mais do que passado. Afinal, para que serve o passado dos imóveis? Esse negócio de passado é com os humanos, para que eles possam tentar entender o seu presente e não repetir os erros, mas valorizar os acertos para que o futuro seja promissor. Para mim, pouco importa. Sou apenas um amontoado de alvenaria e nem alma tenho. E não tendo alma, não tenho continuidade, não vou encarnar em outras alvenarias. É simples assim. Têm semelhantes a mim que chegam a trincar as paredes quando percebem um edifício sendo erguido ao lado ou no entorno dela, pois logo acreditam que sua vez está próxima. Repare aí atrás de mim, à direita, tem um, e à esquerda já está surgindo outro. Pois é, meu chapa, isso aqui que já foi estrada boiadeira¹, esse entorno todo que já foi dos Garcia com suas máquinas cerealistas², brevemente será um amontoado de edifícios. Elas, as minhas congêneres, até se compadecem consigo mesmas por se considerarem presentes na História de Patos de Minas. Eu, nem isso, para mim, depois de ser transformada em entulho, nada mais me interessa, muito menos ser parte da História de Patos de Minas, que eu sei que já sou. Só me interessa a certeza de que, quando eu for, deixarei saudade!

* 1: Rua Mata dos Fernandes. O imóvel é o de n.º 674.

* 2: Em 1947, Genésio e Mário Garcia Roza adquiriram a Fazenda Limoeiro, loteando quase toda a área que viria a ser o Bairro Vila Garcia. Nela, ingressam no comércio cerealista, construindo armazéns para 50.000 sacas de cereais, instalando maquinário para milho, feijão, arroz e café.

* Texto e foto (20/12/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

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