Quanta agitação por aqui¹. Não me lembro de sentir nas minhas paredes tanta vibração, tanto barulho. Isso porque resolveram construir uma faixa elevada de pedestres ali na esquina e pelamordedeus, quanta zoeira e confusão no trânsito. Antigamente eu curtia era o barulho da torcida do Mamoré, o meu glorioso Verdão. Isso sim era um barulho salutar. O que? Uai, por um acaso um imóvel não pode gostar de time de futebol? Ora, sem essa! Sou sim torcedora do Mamoré e fim de papo, assim como todos os que me habitaram. Voltando à barulheira, essa da torcida do Mamoré se foi para sempre e a que chegou para ficar é a barulheira do trânsito e dessas desgraçadas motos. Mas o que mais me chama a atenção é como essa redondeza está se modificando. Nós, as casas, estamos sistematicamente sendo substituídas por edifícios. Já ouvi dizer que é um tal de progresso e que nenhuma, absolutamente nenhuma de nós vai escapar a esse fatídico fim. Já que você está lendo essa minha baboseira, por que um mundaréu de gente, de uns tempos para cá, danou a usar máscara? Coisa esquisita, sô, estão tampando o rosto porque fizeram besteira e não querem ser reconhecidos? Se eles estão sentindo alguma pressão é problema deles, preocupo com a minha nos meus alicerces por causa dos edifícios que estão ocupando nossos lugares. Vai ser assim comigo, né, e eu serei que nem o Estádio Waldomiro Pereira: parte da História de Patos de Minas. E como ele, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Cesário Alvim a poucos metros da Praça Alexina Cândida da Conceição e do Centro Comercial Pátio Central, este local do saudoso Estádio Waldomiro Pereira.
* Texto e foto (01/01/2021): Eitel Teixeira Dannemann.
