Geralmente o proprietário de gato gosta de brincar e fazer carinhos enquanto ele está ronronando, mas este momento de relaxamento pode converter-se em um pesadelo quando o gato ataca repentinamente e sem aviso prévio com arranhões e/ou mordidas. A raiva ou um problema hormonal podem causar comportamentos agressivos, mas se a causa é um problema de saúde, um motivo muito frequente é a artrite. Alguns gatos com problemas neurológicos podem ter momentos repentinos de dor muito intensa.
Os gatos são predadores e é algo inato neles realizar condutas de brincadeira quando são filhotes para treinarem a caça de presas reais quando forem adultos. Efetivamente não é raro ver um gatinho atacando e mordendo sem magoar os pés ou as mãos do dono, e por muito lindo que pareça este tipo de comportamento, se continuar na idade adulta será um problema. Frequentemente são os próprios donos do gato que o ensinam a atacar em tom de brincadeira. Quando ele é pequeno brincam com ele movendo as suas mãos ou os seus pés como se fossem presas para o gatinho as atacar, porque quando o gatinho faz isso pode parecer gracioso e engraçado. No entanto, com este ato estamos ensinando um comportamento que manterá na idade adulta. Mas se estas sessões de brincadeira são pouco frequentes ou se o gato passa o dia num recinto fechado sem fazer nada, é natural que fique muito excitado e acumule energia que pode ser libertada em um ataque como forma de chamar a atenção.
Um gato que tem medo adota tipicamente uma posição agachada, com as orelhas para trás e com o rabo curvado para dentro, inclinando o seu corpo para trás para se afastar da ameaça. Assustado, ele tem três opções: fugir, imobilizar-se ou atacar. Se não tem escapatória e a “ameaça” continua presente depois de se imobilizar por uns segundos, é muito provável que ataque. Se não foi socializado adequadamente quando tinha entre 4 a 12 semanas pode ser medroso e desconfiado com os humanos e ter este comportamento. Mas também pode acontecer com um gato corretamente socializado que está num novo meio ambiente, ou com um desconhecido ou que está na presença de um objeto novo que o pode assustar como, por exemplo, um secador de cabelos.
Um gato pode atacar um humano para defender uma zona da casa que considera sua: o humano é então considerado como uma ameaça que poderia roubar o seu território. Este tipo de agressão ocorre geralmente com estranhos ou donos que só chegam em casa à noite. Os gatos que têm esta conduta costumam urinar na zona que consideram como o seu território para marcá-lo.
Alguns gatos agem com os seus donos como se fossem outros gatos e tentam dominá-los para ficar por cima na ordem hierárquica do lar. Eles começam a mostrar sinais sutis de agressão que no começo o dono pode interpretar, erradamente, como um jogo, mais à frente o gato grunhe ou sopra para o seu dono e pode morder ou arranhar. Os dominantes costumam também ser muito territoriais, fazendo com que a agressão por dominância seja acompanhada com a agressão territorial.
A agressão redirecionada é um fenômeno peculiar que consiste em que um gato aborrecido ou estressado com alguma coisa ou alguém não ataca a pessoa ou o animal causador do seu problema, mas o seu dono, redirecionando a agressão para ele. A tensão devida a esse problema que o gato enfrentou pode ser retida por um longo período de tempo e só atacará mais tarde. A vítima do ataque não tem nada a ver com o motivo da sua raiva, mas pode acontecer que ele volte a ver a sua vítima e se lembre do problema/tensão, voltando a atacar novamente.
Um gato pode atacar porque não quer que lhe dê mais carinhos, e isso pode acontecer por duas razões. Uma das causas é que o gato não tenha sido socializado adequadamente e não entenda as intensões amistosas de um humano que o acaricia. A outra causa é que simplesmente não está acostumado a receber mimos ou é muito sensível e ao fim de um tempo chateia-se e morde por estar irritado.
Todas as gatas que são mães de filhotes são muito protetoras com eles, e se perceberem uma ameaça podem atacar pessoas ou animais em quem normalmente confiam. Esta reação acontece devido aos hormônios e é mais intensa durante a primeira semana depois do parto. Com o tempo esta atitude diminui progressivamente.
Cada caso requer uma gestão específica. O importante é ser sempre paciente com o gato e não colocá-lo em uma situação de medo ou de estresse que provoque este tipo de reação agressiva. Pode utilizar o reforço positivo, como os carinhos ou um pedacinho de queijo quando ele se portar bem. Com paciência, compreendendo e orientações de um Médico Veterinário, as razões do comportamento do gato poderá ajudá-lo a melhorar o seu comportamento.
* Fonte: Texto de Nelson Ferreira, em Peritoanimal.com.br.
* Foto: Petz.com.br.