O projeto Seresta, realizado no último dia 19 p.p. [junho/1982], na Praça Dom Eduardo, ou melhor a Praça do ENCONTRÃO, teve uma receptividade muito boa para todos aqueles amantes de música de seresta, romântica e suave tocada e cantada ao violão sob a janela da namorada, no sereno da madrugada. O ambiente da praça estava propício e aconchegante e como disse o Wilson Morais “só faltou a cachaça”.
Era de se esperar que não tivesse muito público porque a divulgação foi um pouco fraca. Houve muita gente que só ficou sabendo depois que já havia passado. Mas, para esses que perderam, podem ficar tranquilos pois acho que o Projeto Seresta deverá continuar mensalmente, dando oportunidade a todos de apreciarem e até participarem, pois a participação é aberta.
A promoção é da CADORO − Publicidade e Promoções Artísticas Ltda., contando com a colaboração da Prefeitura e Câmara Municipal de Patos de Minas. A produção foi de Carlos Alberto Donâncio Rodrigues (Xaulim).
E aqui já que estamos falando em atividades artísticas e ainda mais do Xaulim, batalhador pelo nosso desenvolvimento nesta área, quero abrir um parêntese especial.
Aqui em Patos de Minas, tem aquelas pessoas preocupadas com a expansão cultural do povo, com a conscientização em matéria de se fazer cultura e de se promover cultura, com uma dinâmica brilhante, de uma maneira sólida e real, às vezes ultrapassando até o caminho do possível.
E quando se fala em cultura nesse pé de coisa, logo nos vem a mente a figura do Xaulim que muito antes dessa minoria já vem a cada ano se preocupando com isso, prova disso é hoje o ENCONTRÃO, conhecido quase que nacionalmente falando, e a primeira pessoa que ouvi falar em ENCONTRÃO foi ele, (a idéia foi dele), lógico que ninguém esperava que ele (ENCONTRÃO) tivesse a repercussão que teve, e ainda mais o renome que tem agora. Se isto aconteceu melhor e graças a Deus. E hoje, parece-me estão querendo fazer um complô contra o amigo Xaulim. Em sua última promoção que foi o show do ótimo cantor e compositor Tino Gomes, teve neguinho impedindo perto do auditório da rádio que o pessoal entrasse, fazendo propaganda contra e metendo o pau. Qual é a desse pessoal, inveja ou auto afirmação? Se não dão conta de fazer as coisas, deixem que quem queira faça, pois os melhores acontecimentos artísticos aqui em Patos, foram promoção da CADORO, firma da qual o Xaulim é proprietário.
Alegam que ele quer se projetar, e só se preocupa com a parte financeira, tipo mercenário, mas daí eu pergunto: qual de vocês seria capaz de trabalhar de graça, prá fazer bonito. Aposto que nenhum. E tem mais, trabalhar de graça para em troca ficar sendo pixado aos quatro ventos. Vocês deveriam era dar um jeito no que está prá vir, esqueçam a política partidária e se preocupem somente com o lado cultural. Tá certo, fora disso que vocês adorem os seus PDS, PMDB, PT, pês e mais pês da vida. Mas quando estiverem transando cultura, que a façam limpa, sem segundas intenções, apenas se preocupando com o lado satisfatório da população e não projeção pessoal, para satisfazer seu ego.
Que o Xaulim continue tendo a mente e a vontade de trabalhar culturalmente prá Patos, esquecendo essas mesquinharias que acontecem. Que se preocupe, aliás isto já foi provado que é, apenas com a sua força de trabalho, e a sua vontade de realizar coisas bem feitas, assim como Alceu Valença, Diana Pequeno, Sá e Guarabyra, Paulinho Pedra Azul e muitos outros. Daqui estamos torcendo por você.
E a esses que negativamente poluem a mente cultural do povo de Patos, que provem ser pelo menos capazes de uma boa ação, se não estão contentes com a ação do moço, façam melhor, mas não atrapalhem. Eu só não me manifestei antes, porque não sabia detalhes desta sujeira.
* Fonte: Texto publicado na coluna Sem Fronteira (Vicente) com o título “O que anda acontecendo com os nossos Promotores Culturais?” na edição n.º 50 de 30 de junho de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Facebook.com/carlosalberto.xaulim.