O diretor da CADORO – Carlos Alberto Xaulim, é o responsável por uma grande parte do sucesso da II FIC-Patos, uma vez que sua empresa teve a responsabilidade de promover o evento na sua 1ª e 2ª edições.
Sempre muito fluente, Xaulim afirma que deu muito trabalho realizar a FIC, mas em compensação foi muito gratificante, porque dá para perceber que os frutos estão sendo colhidos, ou seja, a FIC vai se consolidando como uma importante feira de amostras do Estado de Minas Gerais.
Qual o balanço que pode ser feito neste momento da II FIC-Patos?
A feira teve um resultado altamente positivo e eu divido este resultado em dois aspectos: primeiro com relação à ocupação da feira, o crescimento da feira como um todo, ou seja, nós aumentamos a nossa área coberta de stands em 50% e a área livre em 300%; haja vista que no ano passado tivemos apenas 3 empresas ocupando espaços descobertos e este ano tivemos dez empresas. Este é sem dúvida um resultado positivo. Um outro aspecto positivo foi a presença de 3 secretários de estado, representantes de órgãos, como o BDMG, INDI, CEAG e outros, que vieram participar da jornada de desenvolvimento. Outro bom resultado, apesar de insipiente, de ser pequeno, foi o resultado financeiro.
Então a feira não deu prejuízos?
Não, ela não deu prejuízos.
Todos os órgãos liberaram a verba que haviam prometido?
Sim, inclusive na mesma semana recebemos a última parcela dos últimos órgãos que haviam nos prometido liberação das verbas.
A Cadoro realizou enquete com os expositores para angariar novas sugestões para a 3ª FIC, qual foi a opinião deles?
Nós não fizemos ainda uma pontuação exata destes questionários. Pudemos perceber que houve um crescimento efetivo em termos de realização de negócios. A gente acredita que entre negócios realizados e iniciados girou um volume superior a 50 milhões de cruzados. Recebemos algumas sugestões e algumas críticas também, mas o que eu acho principal é que a maioria dos expositores respondeu que voltariam a participar da 3ª FIC-Patos.
A FIC está definitivamente consolidada como uma grande feira de amostra a nível estadual?
Eu acho que ela está num bom caminho e que se conseguiu um bom nível de avanço, haja vista que estamos passando por um período de grandes dificuldades na economia do país como um todo, e neste segmento de feira a gente tem alguns exemplos como Divinópolis que não teve sua feira de modas este ano, tivemos notícias de que a feira de Montes Claros também não esteve muito bem, a Minas Mostra Mulher também com uma ocupação de muitos espaços reduzidos e um volume de negócios muito pequeno, então acho que a FIC está num bom caminho, está se consolidando e o que eu acho principal é que a FIC está se firmando como um ponto de negócios.
Baseado no pressuposto de que o momento econômico do país é crítico, de que forma uma feira poderá ajudar no desenvolvimento comercial e industrial da cidade?
Bom, você veja o seguinte: nossa feira foi orçada em 9 milhões de cruzados, deste percentual mais de 70% fica na cidade. O que sai daqui na verdade é o pagamento do cachê dos artistas, de forma geral há todo um grande movimento no comércio da cidade, na rede hoteleira etc. Acho muito importante também consolidar os bons negócios que são efetivados durante a feira. Resumindo entendo que a FIC está apresentando um potencial de compras e um potencial de negócios muito grandes.
No seu entendimento qual foi o ponto alto e o mais baixo da II FIC?
O ponto alto foram os negócios realizados durante a feira, que superou as expectativas, de toda a coordenação e da própria Associação Comercial. O ponto negativo foram os atrasos que houveram, tanto na apresentação dos desfiles quanto na apresentação dos shows. Sem querer justificar estes atrasos, nossa programação foi feita para que toda ela fosse desenvolvida dentro da arena e desde o momento que se modificou isto acabou uma coisa interpelando a outra.
Foi verdade que a Rádio Clube monopolizou a apresentação na II FIC?
Na verdade ouve uma certa cobrança até mesmo uma observação mais ácida com relação a esta participação. O que posso dizer é que em momento nenhum nem a Associação Comercial nem a Cadoro bloqueou os espaços para que a imprensa pudesse trabalhar, independente de qual seja a rádio ou qual seja o jornal. Acho que o espaço foi aberto de maneira geral. Agora isto vai do veículo e dos profissionais que ocupam aquele veículo e se alguns destes profissionais ocuparam melhor ou não, não cabe à Associação Comercial e nem à Cadoro julgar isto, cabe sim aos leitores ou aos ouvintes.
Porque a Feira não veiculou sua mídia através da Televisão?
O que ocorre é que a feira ainda incipiente, que ainda está se firmando. Para se ter uma idéia nosso preço de stand custou 49.500 cruzados o que equivale a 30 segundos de nota numa inserção única em horário do jornal nacional. Não quero dizer que seja caro, quero dizer é que a condição da feira é que é pequena para fazer este tipo de mídia. Agora eu acho que a feira perde um pouco na medida em que ele perde um pouco de seu alcance, mas eu acho que a gente tem que se pautar muito para fazer e assumir a responsabilidade do possível e conseguir assumir esta responsabilidade. A dificuldade foi meramente econômica.
Diante de todos estes custos, valeu a pena para a Cadoro realizar a FIC-Patos?
Tem um aspecto que importa muito para mim. Qualquer cidadão procura de modo geral realizar aquilo que se propõe. E realizar dentro de um patamar, pelo menos aceitável. De forma que por este aspecto para a Cadoro valeu a pena. Do ponto de vista financeiro não é compensador. Foram cinco meses de trabalho e é uma responsabilidade muito grande para a CADORO e para ACI, é um investimento muito grande, em torno de 9 milhões de cruzados e para ter um retorno na faixa de 4, no máximo 5% em cima deste número, é muito pequeno, mas vale a pena pela satisfação de termos realizado duas edições com a certeza de que fizemos bem feito.
Esta questão de se pensar na realização da FIC apenas alguns meses antes, influi no sucesso da Feira?
Dentro do questionário que foi distribuído, havia um quesito que perguntava exatamente isto. Acredito muito que se a gente conseguir dividir e parcelar o custo do stand em 5 ou 6 parcelas para o feirante é claro que uma maioria muito grande iria ocupar mais stands. Não é um valor tão caro 49 mil cruzados, mas para algumas empresas pagar isto de uma vez pode apertar, e dificultar o acesso delas à feira.
Um veículo de comunicação faz uma crítica aos stands, que no entendimento deste jornal ficaram empobrecidos. Você concorda com isto?
Com relação ao público, entendemos que houve um crescimento de cerca de 60% do público pagante. Correspondeu à expectativa da Cadoro. O público pagante foi de 16.500 pessoas durante quatro dias, além de mais 800 crachás distribuídos a expositores e autoridades etc. Com relação a stand, a coordenação da feira entrega o stand num padrão mínimo de montagem, ou seja, teto espacial, carpete, divisória e iluminação. Até concordo em parte que tenha sido pobre, mas acho que falta de tempo e experiência por parte de nossos empresários influíram para que não tivéssemos stands mais bonitos. Penso que para o próximo ano teremos stands mais criativos e bem decorados.
Novamente o Nelsinho emprestou uma grande ajuda à FIC?
O Nélson contribuiu muito, não só agilizando alguns processos na Secretaria, como em outros órgãos do governo. Ajudou muito na parte operacional e isto foi muito importante. Além dele, outras autoridades contribuíram muito para a II FIC-Patos como o deputado Bernardo Rubinger, Secretário José Mendonça de Morais, o presidente do Sindicato José Ribeiro Carvalho, Décio Bruxel, Pedro Maciel, enfim, foram pessoas que contribuíram de maneira efetiva para o crescimento da II FIC-Patos.
* Fonte: Entrevista publicada com o título “Enfoque: Carlos Alberto Donâncio Rodrigues-Xaulim – A II FIC-Patos Não deu Prejuízo”, na edição de 24 de setembro de 1988 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Facebook.com/carlosalberto.xaulim.