JUNTOS, VAMOS MUDAR PATOS DE MINAS: É NESSA QUE EU ME ESTREPEI

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2020)

Em dezembro de 2005 voltei a residir em minha terra natal. No início, senti-me esfuziante, por novamente estar sendo aconchegado pela Cidade, pelos familiares e amigos. Tudo era um mar de rosas, tudo era bonito, os sons maviosos, as pessoas maravilhosas, os reencontros fantásticos, trem mais bão do mundo, sô! Foi-se então o primeiro ano, o segundo, o terceiro e então comecei a sentir um estranho amargor na alma. Foi quando meus dois neurônios, o Idi e o Ota, me disseram duramente: − Saia desse transe, bocó, repare a Cidade.

E eu reparei a Cidade. Veio aos poucos entranhando-se em minhas veias e artérias um emaranhado de mazelas. Naquele momento não tive a percepção para entender as causas de tantas mazelas.  Estava em plena campanha eleitoral de 2008 quando ouvi de um candidato a prefeito um chamado entusiástico: − Juntos, vamos mudar Patos de Minas. Depois ouvi o mesmo chamado de alguns candidatos a vereador: Juntos, vamos mudar Patos de Minas. O chamado me conquistou e eu votei consciente de que, juntos, mudaríamos Patos de Minas.

Veio o ano de 2009, veio o ano de 2010 e já no final deste comecei a decifrar as causas de tantas mazelas. Ao perceber o comportamento dos moradores em suas diversas particularidades sociais, econômicas e psicológicas, pude, facilmente, atrelar esse comportamento à desobediência aos nossos Códigos, literalmente às nossas Leis. E essa desobediência dos moradores às nossas Leis estava condicionada à omissão do poder público frente às desobediências, isto é, o morador desacata a Lei e não é punido pelo poder público, óbvio é que ele, o morador, vai continuar indefinidamente a desacatar a Lei. Eis, então, a presença do emaranhado de mazelas.

E eis então, que recebi nova cutucada do Idi e do Ota: − Cadê o “juntos, vamos mudar Patos de Minas”?  É, cadê o juntos, vamos mudar Patos de Minas? Nessa, veio a campanha eleitoral de 2012. Mais uma vez, deixando de lado a observação dos meus dois neurônios, votei consciente de que, juntos, mudaríamos Patos de Minas. Um candidato a prefeito venceu com o fatídico “Patos de Minas tem pressa”. Alguns candidatos a vereador usaram o fatídico “Juntos, vamos mudar Patos de Minas”. Assumiram seus postos e… os moradores continuaram a desrespeitar as nossas Leis e eles, os novos “comandantes” do Município, continuaram com a postura dos antecessores: menosprezando as nossas Leis.

Veio a campanha eleitoral de 2016. A mesmice de sempre: − Juntos, vamos mudar Patos de Minas. E eu, a cada cantinho visitado da Cidade, percebendo as mazelas típicas do desrespeito aos nossos Códigos, às nossas Leis. E, tristemente, percebendo que os “comandantes da vez” estavam igualmente desrespeitando os nossos Códigos, as nossas Leis, igualím os anteriores. Mesmo cutucado grosseiramente pelo Idi e o Ota, tentando os dois desviar-me de minha ação democrática, votei consciente de que, juntos, mudaríamos Patos de Minas.

Que decepção, mais uma. Foram quatro anos de uma administração em que o prefeito e os 17 vereadores desonraram todos os 408 Artigos do nosso Código de Posturas. Quem quiser, que confira, um por um, e vai atestar essas palavras. O resultado disso tudo é que a Cidade de Patos de Minas continua desconfortável para o morador que respeita a Lei, não há sossego para os adeptos da Lei, única e exclusivamente pela desobediência dos nossos “comandantes” em acatar a Lei.

Eis aí a campanha eleitoral de 2020. Os pretendentes se afloram. Os sorrisos são cativantes, as imagens físicas as mais probas possíveis, e, lógico, o tradicional: − Juntos, vamos mudar Patos de Minas. Não há outra conduta, rendo-me ao Idi e ao Ota: − Depois desses tantos “juntos vamos mudar Patos de Minas”, e Patos de Minas ao invés de melhorar, piorou, você acha que dessa vez vai ser diferente? Deixa de ser otário!

Deixei!

* Foto: Politize.com.br, com edição de Eitel Teixeira Dannemann.

Compartilhe