PATOS DE MINAS… UMA PROMESSA DO FUTURO

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TEXTO: MARIA ESTHER MACIEL (1980)

Patos de Minas, pequena cidade no coração do Alto Paranaíba, desponta-se timidamente do milharal um tanto desgastado, para ser conhecida na região como grande produtora de fosfato. Realmente a cidade mostra marcas de evolução, mas não de brilho. Forças impedem o maior desenvolvimento… estudantes migram, a administração dá exemplos de ineficiência e o produtor de milho se esconde na sua própria  manta de tristeza de ser rejeitado na sociedade. Fatos que realmente funcionam como barreiras, onde o progresso na sua marcha, na sua busca de moradia, esbarra-se e se destrói.

E Patos de Minas possui condições de se auto afirmar como centro respeitável, de ser reconhecida como cidade progressista, de ser polo capaz de atrair novas perspectivas, novos homens, novas mentes. O que mais impede isso é a falta de líderes, é a divisão excessiva de votos nas eleições, é a ausência de um patense na Assembleia Legislativa ou no Congresso Nacional. A consciência não foi instalada na mente do povo enganado com pares de botinas. O povo continua centralizado nas mãos de antigos políticos que ainda mantêm resquícios de rivalidades udenistas e pessedistas, cultivando um tradicionalismo que não se encaixa na realidade atual.

Faltam jovens, mentes abertas, novos valores. A terra precisa ser pisada e cuidada pelo  dinamismo, as ruas precisam ser preenchidas por vozes fortes, por ares renovadores, por pessoas conscientes.

Mas o que é velho se curva no cansaço e na morte. E quem dirá que teremos forças jovens no momento da substituição se não possuímos opções universitárias que fixem o jovem aqui, se estudantes vão embora, não voltando por falta de campo profissional?

Simplesmente uma pergunta, agora, e que mais tarde poderá ser um grito. O número de estudantes que saem em busca de cursos superiores em grandes cidades é muito grande, como também o de outros que por falta de condições financeiras, permanecem em vão nas águas estagnadas da cidade, saltando de emprego a emprego, de salário mínimo à inflação. E não se vê empenhos de autoridades em resolver a situação que a cada dia se dilata mais.

Tudo depende de cada patense que deseja ver Patos isenta de obstáculos ao progresso, de preconceitos sociais, de incompetência política, de mentes primitivas.

A cidade está aí… jovem na espera de jovens, ansiosa por crescer no panorama mineiro e nacional, de nascer para a vida verdadeira de cidade honrada pelo seu povo.

Recursos não faltam. A terra é fecunda. Basta que saibamos explorá-la, arrancar de suas entranhas a recompensa para os  lavradores e a essência de uma economia que poderá elevar a cidade como polo de desenvolvimento não só da região, como também do Estado.

O pássaro do progresso sobrevoa nossos campos, nossas ruas, nossas casas. É necessário que apenas estendamos as mãos e com força e persistência, buscá-lo no mais alto ponto. Basta que essa gente tome consciência de sua missão e dirija os olhos para a realidade que transcende os campos de milho, que perfura a terra fosfatada, que corte os ares ainda carentes de dinamismo humano.

Patos precisa de indústrias, precisa de escolas, precisa de bons administradores. Precisa de gente nova e pronta para gritar e exigir o que nos falta.

Mas há sempre uma esperança latente no coração de cada lavrador impedido de participar de sua festa transformada pela usura, de cada família alojada em barracos na periferia, de cada jovem migrante, de cada criança sem escola e de cada patense que anseia por dias melhores.

Patenses! Honremos nossa condição de filhos da terra!

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 5 da revista A Debulha, de 15 de julho de 1980. Fez parte do Concurso Literário promovido pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas e revista A Debulha. Na época, a autora era aluna do Curso Colegial do Colégio Marista, sendo Ana Maria Mundim Passos a Professora de Literatura. Hoje, Maria Esther Maciel é escritora e professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com vários trabalhos da área e livros publicados.

* Foto: Sebraemais.com.

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