NÃO CHORE POR MIM, PATOS DE MINAS

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TEXTO: EITEL TEIXEIRA DANNEMANN (2021)

Não chore por mim, Patos de Minas, não é justo. Eu que te amo e clamo a sua dor, choro por ti. Quanto me custa aos olhos, quanto me dói a alma dilacerada por ver-te tão vilipendiada, pois aqueles que são selecionados para gerir o seu destino encaram-te como uma mera passagem de tempo, um poder cruel de mão única que te assola as entranhas e deixa fraturas expostas ao sabor da brisa. Há longo tempo você está sendo açoitada por quimeras espoliativas. Sua saúde está frágil e eu não posso fazer nada a não ser participar da troca dos selecionados de quatro em quatro anos. Eis, querida Patos de Minas, eis as algemas que me encerram em celas escuras onde fico atordoado vendo-a sofrer, pois a cada quatro anos, apenas os nomes são diferentes…

Não chore por mim, Patos de Minas, não é justo. Eu que te amo e clamo a sua dor, choro por ti. Aqueles selecionados para gerir o seu destino criaram manuais de procedimentos, os nossos Códigos, as nossas Leis, para o cidadão se portar civilizadamente em suas entranhas. Se essas Leis fossem acatadas pelos nossos gestores, você, amada Patos de Minas, seria a mais bela e saudável Cidade do País. Infelizmente, sofrida Patos de Minas, os tais selecionados que criaram as Leis para deixar você bela e saudável, a cada quatro anos as rejeitam descaradamente. Por isso, como me dói presenciar tantas mazelas que a maltratam profundamente e que, através do seu desgosto, maltratam a mim que você aconchega com tanto carinho. Como me dói presenciar os seus moradores fazendo o que querem porque sabem que podem fazer o que querem porque jamais serão punidos, e também como me dói tantas deficiências na Saúde, Educação, Segurança e na Mobilidade Urbana. Fazer o que, amada Patos de Minas, pois se isso tudo acontece é porque aqueles que direcionam o seu destino, aqueles que têm o poder de fazer-te brilhante, são cegos, mudos e surdos, não te amam. E não adianta trocá-los, pois apenas os nomes são diferentes…

Não chore por mim, Patos de Minas, não é justo. Eu que te amo e clamo a sua dor, choro por ti, derramo lágrimas pela sua tez tão tênue, marcada por buracos estratosféricos e matos urbanos colossais. Sim, Patos de Minas, sei do poder daqueles que decidem por cobri-la com meio centímetro de asfalto; sim, sei que você não tem  como escoar a água divina que cai dos céus. Sim, amada Patos de Minas, todos aqueles que têm o poder de decidir ao contrário, também sabem disso, mas são cegos, surdos e mudos, legislação após legislação. Assim, sofrida Patos de Minas, com a inequidade daqueles que decidem, você cresce frágil e insegura, enquanto eles, a cada quatro anos, politicamente defendendo outros interesses que não os seus, te agridem sistematicamente. E eu, aquele que te ama, só tenho a arma de trocá-los a cada quatro anos. Mas, você bem sabe disso, que nada adianta, pois apenas os nomes são diferentes…

Não chore por mim, Patos de Minas, não é justo. Eu que te amo e clamo a sua dor, choro por ti. Hoje é 1.º de janeiro de 2021, os nomes da vez assumiram o poder para gerir o seu destino. O que faremos?  Ó, minha santa terra, ó minha bendita terra, eu que a amo só posso implorar aos novos nomes que te honrem, e assim, honrem a mim que te ama. Só nos resta isso, e torcer para que, daqui a quatro anos, eu e você, amada Patos de Minas, não tenhamos que lamentar, COMO SEMPRE, QUE APENAS OS NOMES SÃO DIFERENTES!

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann.

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