ISOLAMENTO DE PATOS DE MINAS, O

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TEXTO: JOSÉ MARIA VAZ BORGES (1979)

Já não podemos nos ufanar de sermos “polo de desenvolvimento regional”. Os números e os fatos dizem muito mais alto do que o nosso desejo e a nossa vontade de ver Patos de Minas caminhando célere rumo ao desenvolvimento. Parece que os fatos ocorridos com o advento de Brasília foram danosos contra o nosso município. Existia mesmo um desejo bem grande do Presidente Juscelino Kubitschek em fazer passar pela nossa região a rodovia de interligação com a Capital Federal. Interesses escusos do então diretor da NOVACAP Israel Pinheiro, que possuía muitas terras nas cercanias de Paracatu, fizeram com que a rodovia passasse por lá. Com isso Patos de Minas ficou completamente isolada, comendo poeira por todos os lados, por muito tempo. O atual Ministro do Interior Mário Andreazza, então Ministro dos Transportes, já tendo ao seu lado o atual Secretário Geral do Ministério dos Transportes, Dr. Wando Pereira Borges, sentiram, como todos nós, a necessidade de se asfaltar as rodovia de interligação com a região de Patos de Minas, surgindo daí, a “Rodovia do Milho” e “Rodovia do Sal”. Tudo muito festejado, tudo muito “da pesada”, como hoje dizem os jovens. Mas, e daí, o que recebemos depois disso? − Nada. Aí está a Estradinha da Rocinha, em compasso da espera, na ligação asfáltica com Patos e lá se vai o nosso fosfato saindo por Patrocínio, Coromandel, Uberlândia, etc. E Patos vai ficando cada vez mais no isolamento, à mercê do belo e dignificante trabalho da gente Uberlandense que, bem amparada pelos seus seis deputados, realizam um trabalho de implantação do maior parque industrial e agro-pecuário do Brasil Central. Eles estão certos, porque sabem fazer uma política de integração, buscando para si, todos os benefícios que podem faze-la cada vez mais progressista e rica.

Lá, a todo momento se vê, as entidades de classe lutando para se instalar em Uberlândia mais um serviço público de atendimento comunitário, são juntas comerciais, trabalhista, cartórios, setor educacional e de saúde, mais emissoras e tvs, afinal, tudo que possa contribuir para o crescimento da bela e hospitaleira Uberlândia. Em contraste, o que fazemos nós? Nos degladiamos, uns querendo até fechar cartórios, mandando às favas indústrias de pessoas que desejam contribuir para a implantação do nosso Parque Industrial. Os exemplos estão aí: Ficamos sem a Demipa, sem a Nestlê, sem a Cia. Mineira de Metais, sem a refinação de óleo de soja e muito coisa mais, justamente pela omissão de muita gente que NÃO QUER VER PATOS DE MINAS CRESCER E TOMAR O SEU LUGAR NA HISTÓRIA DAS COMUNIDADES MINEIRAS.

Parece incrível, porém é uma verdade triste a que nos acabrunha cada dia mais. E os fatos aí estão. Até na colocação de indicações nos troncos e trevos das principais rodovias que circundam Patos de Minas, nós saímos perdendo. Não se vê, com a devida importância, uma placa que realce a indicação de PATOS DE MINAS. Muitos viajantes se perdem, à procura do lugar certo de entrada, rumo à nossa cidade. Novas estradas estão surgindo que demandam Uberlândia, objetivando nos isolar cada vez mais. Enquanto isso ficamos aqui, nesta triste omissão, mandando um “OFÍCIO” para o governador ou para outra qualquer autoridade, à espera de que um “milagre” aconteça, com o surgimento de um novo Mário Andreazza… até que não surja, vamos curtindo nossas tristes desesperanças…

Ave, César!

* Fonte e foto: Texto publicado na coluna A Nossa Opinião da edição de 27 de setembro de 1979 do Jornal dos Municípios, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

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