Dentro dos pulmões existem milhares de pequenos tubos para a passagem do ar, que são chamados de brônquios, juntos eles são chamados de árvore brônquica, que se unem em dois brônquios maiores e principais até desembocarem na traqueia. Quando os brônquios estão inflamados, seja por qualquer motivo, eles ficam estreitos e liberam um muco em seu interior, o que dificulta a passagem do ar. Para esse processo damos o nome de bronquite.
Em gatos, a asma é uma bronquite de origem alérgica, mas não se pode afirmar com certeza se a asma felina é totalmente igual à asma humana. Isso porque em gatos, o principal sintoma é a tosse e, em humano, é a falta de ar (dificuldade de respirar). Além disso, em gatos não é possível fazer um exame chamado teste de função pulmonar, que é um teste de esforço respiratório feito em pessoas com suspeita de serem asmáticas. Qualquer gato pode desenvolver asma, mas os siameses costumam ser mais acometidos. Com relação à idade, geralmente são mais observados nos animais adultos (idade média de 4 anos).
O principal sintoma é a tosse. Gatos com doença muito avançada também apresentarão dificuldade para respirar, mas respirar com a boca aberta somente ocorre nos casos mais graves. Por essa razão o proprietário deve ficar atento à respiração dos gatos asmáticos, pois muitas vezes eles ficam mais quietinhos e respiram numa frequência mais rápida. Em alguns animais é possível escutar um chiado, principalmente quando o ar está saindo (expiração).
O clínico considera um gato asmático baseando-se nos sintomas apresentados, no exame físico (auscultando o animal) e nos resultados de exames complementares. A radiografia do tórax atualmente é a maneira mais rápida e barata de auxiliar o veterinário, mas alguns casos podem exigir um exame chamado lavado traqueal. Esse exame exige anestesia geral para que uma solução possa ser injetada dentro da sonda que passa pela traqueia. O líquido injetado é aspirado e enviado para análise. A vantagem da lavagem é que ela identifica possíveis causas do problema respiratório, como presença de bactérias, parasitas ou células cancerígenas. Outros exames que podem ser necessários incluem a broncoscopia, que é como se fosse uma endoscopia das vias respiratórias, e exames de sangue.
Alguns gatos podem precisar de tratamento a vida toda, enquanto que outros somente durante as raras crises de tosse. É recomendado que gatos obesos percam peso, pois isso piora a respiração. O proprietário deve evitar que o gato seja exposto ao frio e agentes que causem alergia, como poeira, fumaça de cigarro, produtos em spray, pólen, granulados sanitários que soltem muito pó e produtos de limpeza com perfume. Os medicamentos prescritos podem ser administrados por via oral, injetável (nas crises) ou por via inalatória. O veterinário prescreve anti-inflamatórios à base de cortisona e broncodilatadores, que dilatam os brônquios e aliviam a dificuldade de respirar.
Em casa o proprietário e o gato devem se adaptar ao uso das bombinhas. No Brasil ainda não temos à venda o espaçador próprio, o AeroKat, mas os proprietários podem encontrar o produto disponível na Internet. Para aqueles que não podem importar existe uma maneira à brasileira de fazer um espaçador que costuma dar muito certo para os felinos. Para isso basta cortar o fundo de uma garrafa PET de 600 ml, amolecer a boca da garrafa no fogo e moldá-la para encaixar a bombinha. O fundo recortado deve ser protegido com esparadrapo para não machucar o focinho do gato. Nos casos de emergência, o animal pode precisar ficar internado para receber medicação injetável e oxigênioterapia.
O prognóstico é bastante variável e depende da gravidade da doença. Na maioria dos casos o tratamento correto melhora drasticamente a vida dos gatos com asma, mas eventuais crises podem ocorrer, especialmente nos dias mais frios. Alguns casos podem evoluir para fibrose, que é um processo irreversível e pode ser fatal. Para evitar que isso ocorra é fundamental PREVENIR as crises, pois quanto mais os brônquios se contraem, maiores os riscos de formarem a fibrose. Essas orientações não devem ser interpretadas como forma de diagnóstico. Procure sempre um veterinário e nunca medique seu gato sem prescrição.
* Fonte: Texto da Dra. Laila Massad Ribas, em Portalmedicinafelina.com.br.
* Foto: Meusanimais.com.br.