DEIXAREI SAUDADE − 132

Postado por e arquivado em 2020, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Você aí que está me espiando com esses olhos curiosos já deve estar se perguntando como consegui sobreviver até agora nesse terreno em pleno Bairro Guanabara¹. Prezado, eu já me fiz essa pergunta pelo menos umas 480 vezes. Saiba que já fui fazenda. Aí desviaram a atenção imobiliária para essas bandas. Então fui transformada num sítio. A sanha imobiliária continuou. Aí me transformei em chácara. Sem ter como evitar, o concreto veio chegando, chegando e… pimba, hoje não sou nada. Minto, não ser nada é exagero meu, vamos dizer que estou abandonada nesse espaço no meio desse casario moderno sem entender o porque não mexem comigo. Imagine você no seu emprego naquela de que, com certeza, mais dia ou menos dia vai ser despedido. No meu caso, eu sei que mais dia ou menos dia serei varrida do mapa. Não adianta, é a sina dos imóveis antigos, é o velho cedendo lugar ao novo. Não é assim também com vocês? Então, nada a fazer a não ser esperar. Pois bem, o progresso pode me varrer do mapa, mas, em hipótese alguma, conseguirá me varrer da História de Patos de Minas. Dessa ninguém me tira. E quando eu me transformar em entulhos, selando o meu fim, é óbvio que deixarei saudade!

* 1: Adentrando à Avenida Angra dos Reis ao lado do novo Fórum, a segunda rua à direita é a pequena Osvaldo Guimarães, mas que foi erroneamente batizada pelo poder público como avenida. Logo adiante, à esquerda, uma curta rua de nome Ádia Peggy Maciel Melo − o nome é maior que a via. Lá está o imóvel esperando o seu fatal destino.

* Texto e foto (29/07/2020): Eitel Teixeira Dannemann.

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