Antônio Andrade, conhecido mais como TONHÃO – um batalhador dos carnavais de Patos, e que não teve o devido reconhecimento. Desde 1954 procura dar mais ênfase ao carnaval patense. E agora se propõe a dar verdadeiro apoio ao “Clubinho Carnavalesco do Povo”.
Quando você fez sua primeira composição?
Creio que foi em 1954.
Você lembra o nome dela?
Foi uma música de carnaval, seu nome é “Marcha da Sogra”.
Qual a principal dificuldade que você encontra como compositor?
Para compor eu não tenho dificuldade nenhuma. Aliás eu tenho muita facilidade. Eu acho que não compensa. Eu componho músicas carnavalescas porque tem mais oportunidade de serem divulgadas. A Rádio também dá muito mais apoio.
Quantas composições você tem?
Mais ou menos umas 150 músicas.
Você tem muita música inédita?
Tenho sim.
Dentre estas composições quais as de maior sucesso?
São as músicas de carnaval.
Existem composições que não são músicas carnavalescas?
Tem sim. Inclusive a moda de viola, meu estilo é variado; bolero, canção rancheira, samba, etc…
Quais os maiores sucessos?
Marcha da Sogra; esta música nasceu assim: – eu tinha uma namorada e a mãe dela tinha um sistema muito antigo. E um dia ela disse que os genros dela teriam que tomar a bênção. Como eu não obedeci, ela proibiu a moça de andar comigo, etc… Aí, eu sempre ouvia a Rádio Nacional, que tocava muita música de carnaval e ouvindo estas músicas ficava muito entusiasmado. Com este acontecimento, eu tentei e fiz as músicas: Garoto Estilingão, Jacques Matador, Bicho da Cara Feia, Tô Ficando Louco, Mande um Beijo Para Mim.
Alguma vez a Escola de Samba o convidou para fazer o Samba-Canção da Escola?
Não. Nunca me procuraram. Mas também a Escola de Samba começou e logo esfriou, né?
O que você acha de um Festival de Músicas Carnavalescas, aqui em Patos?
Eu acho uma idéia muito boa. Será um grande incentivo, principalmente para nós que compomos músicas carnavalescas, é também uma oportunidade de outras pessoas mostrarem suas músicas.
Quem mais incentivou seu trabalho?
Foi muita gente. A Rádio Clube de Patos, sempre me apoiou, dando oportunidades de apresentar minhas músicas. Iniciei num programa de calouros que o Patrício apresentava, fiz a minha inscrição e falei que ia cantar música de minha autoria. O Regional daquela época era composto do Correia, Geraldinho, Orlando Rabelo, Raimundo, Garcia, Caroca, Divininho, Hélio Chaves, e eles não acreditaram muito na minha música. Agora, teve também o severo, o Antônio de Prego, o Sr. Zico Campos, a Lira Mariana (Banda Patense), que sempre me ajudaram e acompanharam.
Qual a causa da sua não valorização como compositor?
Eu acho que é porque “santo de casa não faz milagre”. Se fosse alguém de fora logo era sucesso. Para vencer tem que esnobar e eu não sou assim. Eu faço estas músicas é porque gosto mesmo, ninguém nunca me deu dinheiro, nem nada. Nunca fui recompensado financeiramente neste meu trabalho.
Você acha que a juventude patense está caminhando no caminho certo?
Eu acredito que sim. Durante todo este tempo que mexo com carnaval é agora que estou tendo um apoio melhor. A juventude está valorizando o meu trabalho. O Trio Elétrico, este ano, “ô bondade”, foi feito pelos jovens.
Você acha que o carnaval de rua terá maior aceitação por parte do povo em 81?
Se este ano foi mais ou menos de última hora, agora com tanto entusiasmo, o próximo ano o sucesso será muito maior.
Você está sempre nos carnavais do povo patense, houve algum ano que o carnaval foi muito animado?
Em termos de carnaval de rua, foi este ano; com o Trio Elétrico foi o mais animado que já houve aqui em Patos.
Você tem alguma mensagem para a juventude de Patos?
Os jovens estão de parabéns, pelo interesse de mostrar nossa cultura, por este entusiasmo e sem ganhar nada. Apenas para alegrar o povo menos favorecido, dos bairros. Apesar de tudo eu acho que compensa.
Quais os compositores que o senhor mais admira?
Roberto Carlos, Jackson do Pandeiro, Jorge Veiga, Jorge Goulart, Emilinha Borba.
Você já tem alguma música-tema para o carnaval de rua de 81?
Já pensei em fazer.
Tem alguma música sua que você goste mais?
Tem. Inclusive é inédita, chama-se “Na Beira do Lago Azul”. Outra é “Não vivo sem amor”, sertaneja. Outra música é “Foi Deus quem mandou você vir”, inclusive quando saiu aquela música “Foi Deus quem fez você”, eu já tinha iniciado a minha música. Eu até brinquei: num gostei não, tá atrapalhando a minha música (risos). Esta é um samba.
E alguma marchinha?
Eu gosto de cantar mais “O Jacques Matador”, “Garoto Estilingão”, “Bicho da Cara Feia”, as de maior sucesso em geral. Quando teve aqui aquele concurso “Grandes Chances” que veio aqui o Valdir Carvalho, eu fiz uma música “Patos uma beleza” um trecho dela é assim:
Patos é uma beleza
Que natureza tem a granel
Além de muitas beldades
Tem charme-girl
Tem, miss Patos tem
Tem rainha tem
Rosto mais lindo também
Salve o Valdir, Sônia e Rafael pelo êxito na Grande Chance
Charme-Girl, Charme-Girl
Nessa época o Carlos Alberto Ribeiro era locutor no programa de criança, e me ajudou, na íntegra eu devo muito favor a eles. Me deram total apoio.
* Fonte: Entrevista de Inez Marina, Marco Antônio e Vicente de Paulo publicada na coluna Cultura do n.º 12 da revista A Debulha de 31 de outubro de 1980, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.
* Foto: Folha Patense.