TEXTO: OSWALDO AMORIM (1986)
Para enfatizar a necessidade de nosso fortalecimento político, essencial para a aceleração do desenvolvimento do Município e da Região, tenho de começar lembrando a constrangedora fraqueza política de Patos, em flagrante contraste com a nossa força sócio-econômica, já que somos um dos grandes centros produtores de grãos do País, um grande produtor de bovinos e suínos e também o maior centro comercial da região.
Uma fraqueza histórica, como lembrei no último artigo da série, quando mostrei que só tivemos mesmo grande força política no Governo de Olegário Maciel, quando recebemos um conjunto inteiro de grandes obras: a Escola Normal, o Grupo Escolar Marcolino de Barros, o Fórum e o Hospital Regional.
Depois disso, infelizmente, nunca mais desfrutamos de uma situação nem remotamente parecida. Alguém se lembra, por acaso, de um Secretário de Agricultura patense? E não seria a coisa mais natural do mundo, considerando a excepcional expressão de Patos no setor agrícola e pecuário?
Se tivéssemos um Secretário da Agricultura (o Zé Ribeiro, por exemplo), certamente receberíamos mais apoio para o desenvolvimento de nossa agro-pecuária. A propósito, creio que Patos merece há muito tempo uma grande bateria de silos. E também uma superintendência Regional da CAMIG, a que igualmente fazemos jús.
Por certo, não precisamos esperar pela indicação de um Secretário da Agricultura nosso para termos as duas coisas – embora seja inteiramente legítima nossa aspiração de ocuparmos esta Secretaria.
O primeiro passo é transformar em força a nossa fraqueza política. Para isso, é vital o estabelecimento de uma política de poder, que consiste – basicamente – na colocação de gente nossa nos postos de chefia no Governo do Estado e, se possível, também da União, capazes de render benefícios, em termos de recursos, obras ou serviços para o desenvolvimento municipal e regional e para o bem-estar de suas comunidades.
O pilar de sustentação política de poder é a eleição de bons e legítimos representantes nossos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Mas só isto não basta. A boa execução dessa política, que interessa fundamentalmente a toda a comunidade regional, pelo forte influxo no seu processo de desenvolvimento, requer a participação das lideranças comunitárias, que precisam acompanhar o processo e pressionar as lideranças políticas para a efetivação das metas propostas – seja a ocupação de alguns postos no segundo escalão ou mesmo a indicação de um Secretário de Estado. Ou a realização de determinadas obras ou conquistas, como a construção ou asfaltamento de uma estrada, a construção de uma escola, a criação de cursos superiores e profissionalizantes ou a conquista de algum órgão importante, como a Superintendência Regional da Fazenda.
Há que se por a política a serviço do desenvolvimento, a serviço da promoção do homem e do bem-estar da sociedade. Este o princípio que deve nortear a política de poder para Patos e a Região que venho pregando.
* Fonte: Texto publicado na coluna Política com o título “Por Uma Política de Poder Para Patos e a Região (XVIII)” na edição n.º 137 de 15 de abril de 1986 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.