TEXTO: OSWALDO AMORIM (1985)
Como todo mundo sabe, fui quem, enfrentando o ceticismo de tantos, lancei e sustentei a campanha pela eleição de representantes nossos junto à Assembléia legislativa e à Câmara dos Deputados. Ao fim e ao cabo, uma campanha pela nossa emancipação política, para acabar de vez com a nossa triste condição de colônia eleitoral, incompatível com o nosso crescente papel de polo regional de desenvolvimento.
Além do ceticismo geral, no início, tive de enfrentar também a onda provocada pelos interesses contrariados, pois se aquela condição de colônia eleitoral desservia a Patos e região, sempre servia a alguns. O grande argumento contra era este: se Patos não conseguira eleger um deputado estadual, como conseguiria eleger também um deputado federal? Naquela ocasião e naquelas circunstâncias, um argumento realmente poderoso. Mas os fatos mostraram que era possível. (Agora, mesmo se a situação desses representantes não corresponder às expectativas, isso em absoluto não invalida tudo o que se fez. Afinal, a cada eleição o eleitorado tanto pode mudar um mandato, como renovar o próprio representante).
Pois bem, creio que chegou a hora de iniciar outra campanha, para complementar a primeira: o desenvolvimento de uma política de poder para Patos e região. Algo que, infelizmente, nunca houve em nossa história, com graves prejuízos para o nosso desenvolvimento. Falo da necessidade de colocarmos gente nossa em postos administrativos do Estado (e eventualmente, também da União, quando isso for possível), capazes de render proveitos para nós. Ou seja: para Patos e a região.
Evidentemente, não se trata de arranjar sinecuras para ninguém, mas de conquistar cargos dos quais possamos extrair vantagens para a comunidade regional. Portanto, com um claro encargo para seus ocupantes que, por isso mesmo, têm de reunir a necessária competência para ocupá-los.
Para que a idéia dê certo e conquiste a imprescindível credibilidade geral, a boa escolha dos nomes é fundamental. Há que excluir, de plano, qualquer intenção subalterna, de se arrumar a vida de um parente ou um amigo. Não se pode perder de vista nunca − que os nomes serão escolhidos para cumprir uma missão previamente determinada: a de carrear os benefícios possíveis para Patos e região, além de bem desempenhar o seu papel, de modo geral. Naturalmente, que tudo isso sem partir para o exagero, mas com a necessária discrição. Numa missão desse tipo, mais que nunca é preciso trabalhar em silêncio, sem chamar a atenção. Do contrário, o trabalho ficará irremediavelmente comprometido, pelas reações despertas.
Volto ao ponto inicial: se quisermos, realmente, tirar partido de nossa expressão política, temos de arrancar logo para a implantação de uma política de poder, traduzida na ocupação, por gente nossa, de postos administrativos capazes de render vantagens para Patos e região.
Assim, o objetivo evidente não é de beneficiar protegidos, mas a própria comunidade regional. Por conseguinte, não se trata de escolher pessoas que precisam de ajuda, mas pessoas que possam nos ajudar no exercício daqueles cargos. E que, em consequência, têm de reunir a necessária, qualificação para exercê-los.
Não se trata − é preciso insistir − de dar empregos a ninguém, mas uma missão. Ademais, cargo de chefia, pela sua própria natureza, não têm vínculo empregatício: seus ocupantes podem ser dispensados a qualquer momento, sem qualquer indenização trabalhista.
Para o bem de Patos e da região, é preciso que as nossas lideranças parem para pensar no assunto e, depois, partir firme para uma ação coordenada e bem conjugada para a ocupação de postos governamentais, através de uma inteligente pressão política de caráter regional. Evidentemente, quanto mais aliados conquistarmos para esta causa, maior será o nosso poder de pressão, a nossa capacidade reivindicatória, coisa em que Patos, apesar de toda a sua grandeza sócio-econômica, sempre foi fraca.
É preciso completar a obra de nossa valorização política, que deu um grande salto nas últimas eleições com o desenvolvimento de uma política de poder para Patos e região, cuja pregação começo aqui na “DEBULHA” e que pretendo estender a todos os nossos meios de comunicação, especialmente a Rádio Clube de Patos que contando com a boa vontade do Elmiro, pretendo utilizar como minha tribuna maior.
* Fonte: Texto publicado na coluna Política com o título “Por uma Política de Poder para Patos e Região (I)” no n.º 111 de 15 de março de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.